Redação do Aplauso Brasil (redacao@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – O projeto Vigília pela Liberdade é uma realização da Cia de Teatro Os Satyros. Proposta por Asdrúbal Serrano, a ideia é garantir a manutenção da memória da população em relação à riqueza da produção cultural brasileira e aos acontecimentos que se deram na primeira fase da ditadura no país, no ano em que o Golpe Militar completa meio século. Todas as atividades são gratuitas. O evento começou no domingo (30), mas não desanime: ainda é tempo! A programação segue até primeiro de abril.
A Vigília Pela Liberdade almeja relembrar a história do ponto de vista das artes e da cultura através de uma releitura feita por artistas contemporâneos das manifestações culturais em evidência na época do Golpe através de atividades multidisciplinares – teatro, música, literatura e cinema. O evento pretende exaltar esse legado e trazer à memória as consequências que a falta de liberdade e a censura podem causar ao processo de cidadania e cultura de um país.
As atividades da Vigília Pela Liberdade terão entrada gratuita e acontecerão na Praça Roosevelt, e teatros adjacentes. Veja a programação de hoje (31/03) e amanhã (01/04):
PROGRAMAÇÃO
CINEMA
Exibição do filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla e de sua continuação, “Luz nas Trevas”, filme atual sobre a ditadura com apresentação da atriz Djin Sganzerla. A exibição dos filmes será seguida de um debate promovido por Helena Ignez. Quando: 01 de abril, terça-feira. Onde: Teatro de Arena.
20h00: O Bandido da Luz Vermelha (1968/ 92 min.)
21h40: Luz nas Trevas (2012/ 83 min.)
23h00: Debate com Helena Ignez
TEATRO
DRAMAMIX
Quando: 31 de março (segunda-feira)
Onde: Teatro de Arena
Leituras encenadas por grupos teatrais contemporâneos de textos curtos escritos pelos autores convidados Lauro César Muniz, Marcelo Rubens Paiva e Sergio Rovery, que tem como tema a ditadura.
19h00: No Tempo da Ditadura, de Marcelo Rubens Paiva – A partir de três textos narrativos, depoimentos de Marcelo Rubens Paiva sobre o desaparecimento de seu pai, o deputado Rubens Paiva, em 1971, “Trabalhando o sal”, “No tempo da ditadura” e “Tortura”, o Pessoal do Faroeste mistura vídeo, som, corpo e voz para uma leitura encenada para “descomemorar” o golpe militar de 1964. Autor: Marcelo Rubens Paiva. Adaptação e direção: Paulo Faria. Vídeo: Dário José. Som: Jorge Peña. Luz: Beto Magnani. Produção: Priscila Machado. Com Beto Magnani, Érika Moura, Paulo Faria e Roberto Leite.
20h30: O Mito, de Lauro César Muniz – Político ‘biônico’ (nomeado a cargo eletivo sem ter sido eleito) morre enquanto transa com sua secretária. Com a chegada de seu assessor e mais tarde de sua esposa, a conversa dos dois revela a vida pessoal e política desse homem, expondo um caráter hipócrita, corrupto e antiético. Direção: Fernando Neves. Com Os Fofos Encenam – Carlos Ataide, Eduardo Reyes, Erica Montanheiro. Katia Daher e Paulo de Pontes.
22h00: A Voz de Esperança, de Sérgio Rovery – atores MCs munidos de microfones e em contracena com um DJ compõe a encenação. 4 microfones na boca de cena emolduram a ação onde a polifonia entremeada de música evoca um tempo passado mas que continua latente na memória. Direção: Cláudia Schapira. Com o Núcleo Bartolomeu De depoimentos e dois artistas convidados.
CENA CONTEMPORÂNEA
Grupos teatrais apresentarão durante a Vigília pela Liberdade cenas/ leituras de peças contemporâneas que abordam o tema da ditadura.
Walmor e Cacilda 64 – O Robogolpe – “Foi decretado estado de sítio. Suspensão dos direitos políticos. Cassação! O Teatro está como ponto de mira. Gorilas e entreguistas encenam essa Produção”. A violência da censura foi imediatamente dirigida à arte: invasão a teatros, prisões de artistas, malas de objetos, perucas e figurinos de teatro sendo enterrados e amurados para escapar da repressão. Dentre as inúmeras perseguições dirigidas a artistas e a militantes, Cleyde Yáconis se torna alvo e é presa pelo DOPS. Cacilda Becker entra em cena convocando os meninos do Oficina e do Teatro de Arena, fazendo do DOPS palco da ação revolução teatral, ao mesmo tempo que as ruas eram feitas palco do teatro do mundo. A violência da repressão dirigida aos artistas é combatida com beleza: artistas de teatro tomam a delegacia vestidos com máscaras de carnaval e paletós, carregando consigo a força cômica do teatro, transformando a maldade em teatralidade. Cacilda, diante do delegado do DOPS, toma frente do partido do teatro, da política do teatro, que é a provocação, agitação transformadora, força da qual ela mesma é prova viva em carne. Tendo vivido Antígone no palco, Cacilda afirma: “O humano que experimenta uma vez na vida Antígone, esquece o clone – não mais baixa a cabeça, nem reza ou curva a coluna para um César”. Direção: José Celso Martinez Corrêa. Elenco: Artistas da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Duração: 90 minutos. Quando: 01 de abril, terça-feira, às 21h30. Onde: Teatro Oficina.
Sabiá – Inspirado na música de Tom Jobim e Chico Buarque, traz a estória de Joana que teve o irmão, Ricardo, que se envolveu com a guerrilha armada, sumido em 1971. Em 2000, na era FHC, Joana recebe a visita da antiga namorada do irmão, Helena, que volta para revelar um segredo que envolve o passado dos três. O Brasil entre 65 e 71 é retomado pela memória das amigas. A peça foi a terceira montagem do Pessoal do Faroeste. Estreou em janeiro de 2000, circulou até o ano de 2006 e será remontada neste primeiro semestre. A leitura reunirá atores que fizeram a primeira montagem. Direção: Paulo Faria. Elenco: Bri Fiocca, Daniel Alvim e Nara Gomes. Iluminação: Beto Magnani. Sonoplastia: Jorge Peña. Duração: 50 minutos. Quando: 01 de abril, terça-feira, às 19h00. Onde: Teatro de Arena.
50 ANOS EM 5 ATOS INSTITUCIONAIS – Farsa Cinquentenária
O projeto, com direção geral de Asdrúbal Serrano, percorre por meio de cinco peças teatrais denominadas “Atos Institucionais”, cinquenta anos do golpe militar a partir de peças tragicômicas desenvolvidas ao longo dos últimos anos pelo Nupeac – Núcleo de Pesquisa e Ação em Arte Comunitária. Na montagem as pesquisas transcorreram em quatro eixos estruturantes: o Teatro Dialético (de Bertolt Brecht), o Teatro do Oprimido (de Augusto Boal), o Teatro Pobre (de Jerzy Grotowski) e o Teatro Popular (de Idibal Pivetta do Teatro Popular União e Olho Vivo).
Ato Institucional Nº 1 – A Cidade Morena da Vaquinha Mococa – Comédia em um ato. A peça percorre cinquenta anos do golpe militar a partir da cidade de Caconde. O espetáculo mostra as peculiaridades de seus personagens ao longo de décadas e traça um perfil social e político que percorre desde a ditadura militar (que elegeu provisoriamente o “cacondense” Ranieri Mazzilli) à contemporaneidade (com a omissão dos seus representantes políticos). Texto e Direção: Asdrúbal Serrano. Com o Teatro Popular Cara e Coragem. Duração: 60 minutos. Classificação: 14 anos. Quando: 31 de Março, segunda-feira, às 21h00. Onde: Satyros II
Ato Institucional Nº 2 – Etty Fraser é Mulher? – Comédia em oito quadros. As desventuras de uma trupe de artistas populares contrários ao golpe militar que ocupa um teatro abandonado e, naquele local, discutem uma revolução das ideias políticas, sociais e ideológicas na valorização da liberdade. Texto: Asdrúbal Serrano. Direção: Elenir Rodrigues. Com a Cia Mambembe. Duração: 60 minutos. Classificação: Livre. Quando: 31 de março, segunda-feira, às 19h00. Onde: Satyros II
ESPECIAL
Satyros
A Cia de Teatro Os Satyros fará uma homenagem à cultura da década de 1960 nas apresentações das peças do projeto ”E Se Fez a Humanidade Ciborgue em 7 Dias” durante a Vigília, apresentando os seguintes espetáculos: Não Permanecerás – 31 de março, segunda-feira, às 19h00; Não Vencerás – 31 de março, segunda-feira, às 20h30 e Não Morrerás – 01 de Abril, terça-feira, às 19h00. Direção: Rodolfo García Vázquez. Elenco: Os Satyros. Onde: Satyros I.
Parlapatões
Cagamos pras Ditaduras! – O Grupo Teatral Parlapatões e seus convidados – Toni Dagostinho (caricaturas), Banda Strambólica, Banda Paralela e Dani Nega (cantora) – fazem um show com esquetes cômicas, números musicais e circenses zombando de toda forma de ditadura e totalitarismos. Com humor ácido fazem um deboche ao fato de o golpe de 64 ter acontecido no dia 1º de Abril, o dia da mentira. Roteiro e Direção: Hugo Possolo. Duração: 70 minutos. Classificação 14 anos. Única apresentação. Quando: 01 de abril, terça-feira, às 20h. Onde: Praça Roosevelt (Tenda)
Endereços dos Espaços
Arena Eugênio Kusnet
R. Dr. Teodoro Baima, 94 – Consolação
T. (11) 3256-9463
Espaço dos Satyros I
Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação
T. (11) 3258-6345
Espaço dos Satyros II
Praça Franklin Roosevelt, 124 – Consolação
T. (11) 3258-6345
Espaço dos Satyros III (Antigo Restaurante Rose Velt)
Praça Franklin Roosevelt, 124 – Consolação
T. (11) 3258-6345
Espaço Parlapatões
Praça Roosevelt, 158 – República
T. (11) 3258-4449
Teatro Oficina
R. Jaceguai, 520. B. Vista.
T. (11) 3106.2818
SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt
Praça Roosevelt, 210 – Consolação
T. (11) 3775-8600
Ficha Técnica
Idealização: Cia de Teatro Os Satyros e Nupeac – Caconde
Curadoria Geral: Asdrúbal Serrano, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Curadoria Artística: Hugo Possolo
Coordenação Geral: Suzana Muniz
Produção Executiva: Carina Moutinho
Assistência de Produção: Israel Silva
Organização – Dramamix: Gustavo Ferreira
Organização – Encontro Literário: Marcelino Freire
Administração: Vinicius Alves
Programação Visual: Henrique Mello
Programação Web: Bruno Gael
Assessoria de Imprensa: Robson Catalunha
Realização: Associação dos Artistas Amigos dos Satyros
Co-Patrocínio e Apoio: SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA / SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA / FUNARTE – FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES/ MINISTÉRIO DA CULTURA