Maurício Mellone, para o www.favodomellone.com.br – parceiro do Aplauso Brasil

Com direção Rodolfo García Vázquez, o ator volta a apresentar o monólogo de sua autoria, que traz um bancário solitário que se identifica com um cão na rua e passa a segui-lo. Só às terças, às 21h
SÃO PAULO – Numa agradável parceria entre os grupos Satyros e Parlapatões, está de volta o monólogo Eu Cão Eu, depois de bem-sucedida temporada no SESC Pinheiros. Agora em casa, no Espaço Parlapatões, Hugo Possolo, que também é autor do texto, é dirigido por Rodolfo García Vázquez, do Satyros, e vive um homem comum, que trabalha num banco e tem uma vida normal até o dia em que se depara com um cachorro no meio da rua; poderia ser um fato corriqueiro e sem importância, mas aquele homem fica perturbado com o animal e passa a persegui-lo diariamente. A vida deste bancário se desestrutura completamente, pois ele passa a viver em função do cão, vê semelhanças entre a sua vida e a do animal e questiona sua identidade.
Diferente do que geralmente apresenta ao público — já que gosta de se definir como palhaço —, Possolo vive neste monólogo um verdadeiro drama. Ao entrar, o espectador já encontra o ator deitado num sofá (um dos poucos elementos de cenário), na pele do bancário solitário e angustiado, que ora lê um livro, ora bebe algo num cantil, levanta, anda, está literalmente perturbado.
“Dia da dor, hora angustiante.” Num microfone no canto do palco, ele inicia a peça desta forma. O roteiro em que um homem para tudo o que está fazendo quando vê um cachorro vira-lata na rua foi criado em cima de um fato real: o ator estava no centro velho de São Paulo, dentro do seu carro quando enxerga um cão revirando um lixo do mercado central.

O que mais chama a atenção na peça é o questionamento existencial que ela propõe: aquele homem, que até então tinha uma vida normal, entra em crise ao perceber que o cão era livre, independente e sabia como buscar sua subsistência (física e emocional), ao passo que ele se vê sozinho, abandonado pela namorada e amigos e preso à sua insignificância.
Eu Cão Eu propõe ao espectador refletir sobre o que é semelhante e o que difere o homem e o cão. E para isto, o diretor optou pelo mínimo de cenário e pouquíssimo recurso de iluminação e de trilha sonora, justamente para enfatizar a interpretação. E Hugo Possolo mostra sua versatilidade cênica: dá vida àquele homem/cão, em todas as nuances dramáticas, cômicas e trágicas.
“Sou palhaço e quando faço drama corro o risco de cair no melodramático. Mas o Rodolfo me ajudou a achar o tom certo. Foi um aprendizado, com uma grande troca”, conclui o ator/autor.
Roteiro:
Eu Cão Eu. Texto e atuação: Hugo Possolo. Direção: Rodolfo García Vázquez. Cenografia, trilha sonora e iluminação: Rodolfo García Vázquez. Programação visual: Werner Schulz. Fotos e vídeos: Zeca Rodrigues. Produção executiva: Erika Horn. Coordenação de produção: Hugo Possolo e Raul Barretto. Uma parceria Satyros e Parlapatões. Realização: Parlapatões / Agentemesmo Produções Artísticas.
Serviço:
Espaço Parlapatões (96 lugares), Pr Franklin Roosevelt, 158, tels. 3061 9799 /3258 4449. Horários: terças, às 21h. Ingressos: R$ 30,00 (Inteira) e R$ 15,00 (Meia). Bilheteria: de terça a quinta das 16h às 21h, sexta e sábado das 16h à meia-noite e domingo das 16h às 20h. www.espacoparlapatoes.com.br. Ingresso Rápido: 4003 1212. www.ingressorapido.com.br. Classificação etária: 16 anos. Duração: 50 minutos. Temporada: até 27 de agosto.