Maurício Mellone* (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

O Espaço Parlapatões é o palco escolhido para festejar a maioridade do grupo, que apresenta quatro espetáculos de seu repertório: além do texto de Heinrich von Kleist, Agreste, A Ilusão Cômica e Anatomia Frozen completam a programação
SÃO PAULO – Uma das companhias brasileiras de teatro mais premiadas acaba de completar 21 anos e nada melhor para comemorar do que encenar seus grandes sucessos. A Cia Razões Inversas — criada pelo diretor Marcio Aurelio e pelo ator Paulo Marcello, com Joca Andreazza e Renata Araújo no núcleo permanente — tem em seu repertório 18 espetáculos e nesta mostra escolheu quatro deles para representar a carreira do grupo. A mostra começou no último final de semana e permanece em cartaz até o dia 24 de março, sempre no Espaço Parlapatões. Acompanhe toda a programação pelo site da companhia:http://www.razoesinversas.com.br/
Para dar o pontapé inicial desta festividade, a peça escolhida foi A Bilha Quebrada, de Heinrich von Kleist, que em 1993 projetou o grupo na cena teatral paulistana: receberam indicações aos prêmios Shell, Mambembe e Apetesp.
O texto é uma comédia e foi escrito no início do século XIX, sendo montado pela primeira vez por Goethe, em 1811. Tudo se passa na sala de um tribunal de uma pequena cidade da Holanda. Na montagem de Marcio Aurelio, o público entra e já está em cena o protagonista da trama, o juiz. vv
Adão, vivido por Joca Andreazza, um velho careca, com ataduras no pé e ferimentos na cabeça. O juiz manda e desmanda no vilarejo e pouco se importa com as consequências de seus atos. No entanto, é surpreendido com a chegada do corregedor Walter (Paulo Marcello), que vem com o intuito de fiscalizar a jurisdição local. O primeiro caso a ser julgado é o de uma parteira que exige que se puna o responsável pela quebra de sua bilha de estimação.
Os fatos são relatados diante do corregedor e o trunfo do texto é que a bilha é usada como metáfora: na verdade o que está em julgamento é o crime de estupro que a camponesa Eva sofreu; na fuga, o criminoso derrubou a bilha e tudo vem à tona por causa dela. Com a reconstituição dos fatos, pouco a pouco o público percebe que Antão julga o próprio crime.
Além de um texto — traduzido e adaptado pela companhia — muito bem articulado e irônico, o destaque da montagem é a interpretação visceral de Joca Andreazza.
Fotos: Denise Braga
Roteiro:
A Bilha Quebrada. Texto: Heinrich von Kleist. Tradução e adaptação: Companhia Razões Inversas. Direção: Marcio Aurelio. Assistente de direção: Ligia Pereira. Cenário, figurinos e iluminação: Marcio Aurelio. Elenco: Joca Andreazza, Paulo Marcello, Lavínia Pannunzio, Washington Gonzales, Maria Stella Tobar, Júlio Machado, Gonzaga Pedrosa, Regina França e Renata Araújo. Técnico de som e luz: André Lemes. Fotografia: Denise Braga. Produção executiva: Renata Araújo
Serviço:
Espaço Parlapatões (96 lugares), Praça Franklin Roosevelt, 158. Informações: (11) 3258-4449. Sábado às 21h e domingo 20h. Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia entrada). Promoção: Desconto de 50% na compra ingressos para os quatro espetáculos de uma única vez na bilheteria. Válido somente para inteira. Horário da bilheteria: de terça a domingo das 16h00 às 22h00. Classificação: 12 anos. Duração 90 min. Acesso a pessoas com deficiência.
Temporada: dias 7, 8, 14 e 15 de Janeiro.