
Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)
Como diria Caio Fernando Abreu “A vida é uma tecelã imprevisível”. Pois isso aconteceu esta semana. Eu terminei a leitura da excelente biografia de Rubens Corrêa, Um Salto Para Dentro da Luz, escrita por Sérgio Fonta e publicada pela Coleção Aplauso, no dia em que perdemos Nildo Parente.
Nildo foi personagem fundamental na trajetória de Rubens e do Teatro Ipanema. Participou da célebre encenação de Hoje é dia de Rock, de José Vicente, um dos grandes momentos do

teatro brasileiro na década de 1970. Isso sem falar de outras montagens no grupo, onde Nildo estava ao lado daquela trindade mágica que tanto fez pelo teatro carioca: Rubens, Ivan de Albuquerque e Leyla Ribeiro.
Vi Nildo no palco apenas duas vezes. A Primeira foi em O Marido Ideal, onde ele fazia uma dupla magnífica com Jacqueline Laurence. Depois, já debilitado pela doença o assisti em Medida por Medida, sob a direção de Gilberto Gawronski. Nildo mesmo doente, fazia questão de participar do espetáculo, uma prova irrefutável de seu amor pelo palco.
Mas o assisti diversas vezes na TV e no cinema. Seja nos ótimos papéis coadjuvantes que Gilberto Braga deu a ele em suas novelas, seja nos incontáveis filmes que ele participou como Giselle e O Resgate.

Sempre o achei um ator refinado e quando o conheci pessoalmente, minha impressão se confirmou:Ele era um homem verdadeiramente elegante, algo tão raro nos dias de hoje.
Em julho do ano passado, tive o privilégio de jantar em uma mesa do La Fiorentina com ele, Thaís Portinho (sua grande amiga), Marcus Alvisi e Rubens Araújo.
Depois, em outubro ele fez sua derradeira apresentação de Medida por Medida, no Festival de Teatro de Angra dos Reis. Luis Salém disse-me que na hora dos aplausos, os atores o carregaram e ele recebeu uma linda ovação da plateia do Festival. Acho que foi um lindo final para ele, que amou incondicionalmente o teatro.