Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

Mais de cinco mil pessoas estiveram ontem no auditório da represa municipal – que fica ao ar livre – para assistir Antes, da Armazém Cia. de Teatro, espetáculo produzido exclusivamente para a edição 2010 do FIT – Festival Internacional de São José do Rio Preto. Poético, sem negar a cruel realidade contemporânea, o espetáculo juntou uma multidão para celebrar a arte do palco.
Escrito por Maurício Arruda de Mendonça e Paulo Moraes (que também assina a direção), Antes trata de um inusitado encontro entre pessoas em fuga das águas que caem em determinada cidade (claro que somos levados a associar o fato aos danos sofridos pelos cariocas – a trupe tem sede no Rio de Janeiro – com as torrenciais chuvas que os atacaram sem dó) e os fantasmas que habitam o velho teatro abandonado, cenário do encontro.
No enredo estão desde discussões sobre a relação entre o homem e a mulher, o uso desvirtuado das palavras (o monólogo em que Patricia Selonk fala que a publicidade estuprou as palavras e de como o discurso dos políticos é a antítese do que realmente fazem é impagável), auto-avaliações sobre o fazer artístico, vida e morte, entre outros, utilizando recursos cênico-visuais surpreendentes como as diversas dimenções utilizadas para tratar de assuntos corriqueiros – em uma cena, por exemplo, os atores sobem pelas paredes alcançando o topo do cenário, como se fosse uma representação imagética de que a relação chegou a seu estopim; noutra, Simone Mazzer canta lindamente etc.
Assim, Antes se adequou plenamente ao conceito do festival, A Conquista da Singularidade.
*Michel Fernandes viajou a convite do FIT – Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto