Maurício Mellone, editor do Favo do Mellone site parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Dias antes de completar 30 anos, Dário decide se trancar no apartamento até que a namorada volte de viagem, tendo o computador como única ligação com o mundo. Estabelece uma relação imediata com a plateia, que passa a ser sua cúmplice
SÃO PAULO – O público entra no Auditório do SESC Pinheiros e o ator e autor do monólogo Talvez, Álamo Facó, já está em cena: atrás do bar de seu apartamento, Dário escolhe músicas ao acaso e o clima intimista se estabelece. Tendo o computador como única ligação com o mundo, o rapaz que está prestes a completar 30 anos conta que resolveu se trancar no apartamento até a volta da namorada, que viajou. Os dias passam e ele não desiste: desliga o celular, o telefone fixo e a campainha e cria um esquema para armazenar o lixo acumulado, tudo para fazer uma surpresa para a amada. Como ela não volta e até estende a viagem, Dário cria várias possibilidades de saída, diversas situações (algumas inusitadas) para entender o que acontece com sua vida. Talvez seja até a tão propalada crise dos 30!
Como está trancado e isolado do mundo, Dário sente necessidade de mostrar seu apartamento aos espectadores, seus cúmplices; com recursos tecnológicos de som, ele perambula pelo palco (sai de cena) e temos a nítida impressão das reais dimensões do imóvel.
Com uma linguagem ágil e tendo o computador como um contraponto (a namorada, interpretada por Tamara Barreto, envia vídeos da viagem), o público é envolvido no drama do personagem e é levado a escolher o final da trama. São as possibilidades propostas pelo autor, as variáveis que o mundo nos apresenta, como o próprio Facó comenta no programa da peça:
“A palavra Talvez me veio como a condição existencial do Homem, que deveria empregá-la pra tudo, já que tem que lidar com a constante intromissão do acaso, e nele, apenas a certeza da morte (e essa sem talvezes)”, diz.

Com direção de César Augusto — fundador, ator e diretor da Cia dos Atores, do Rio —, Talvez cumpre temporada desde 2008, tendo se apresentado em diversos festivais pelo país, além de passagens por Portugal e Chile. No entanto, o publico paulistano tem somente até sábado, dia 03 de março, para conferir a performance de Facó, que esteve no ano passado ao lado de Marco Nanini e Mariana Lima na premiada Pterodátilos, direção de Felipe Hirsch, e no seriado da Rede Globo Mulher Invisível.
Álamo Facó, além de uma interpretação visceral de Dário, mostra-se um autor preocupado em traduzir a problemática afetiva do mundo contemporâneo. Talvez destaca-se ainda pela iluminação sempre criativa de Maneco Quinderé e a direção precisa de César Augusto.
Roteiro:
Talvez. Texto: Álamo Facó. Direção: César Augusto. Com: Álamo Facó. Colaboração: César Augusto e Pedro Kosovski. Produção executiva: Carlos Grun. Direção de movimento: Márcia Rubin. Preparação vocal: Sonia Dumont. Cenário original: Domingos Alcântara. Figurino: Marcelo Olinto e Patrícia Muniz. Iluminação original: Maneco Quinderé. Iluminação viagem/ temporada: Leandro Barreto
Música e trilha: Lucas Marcier e Rodrigo Marçal. Vídeos: Álamo Facó, Alexandre Gwaz, César Augusto e Joaquim Castro. Montagem: Joaquim Castro e Alexandre Gwaz. Participação em vídeo: Tâmara Barreto
Realização: Companhia dos Atores
Serviço:
SESC Pinheiros, Auditório – 3º andar (101 lugares) . Rua Paes Leme, 195. Sextas e sábados, às 20h. Ingressos: R$ 20,00; R$ 10,00 (usuário SESC, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 5,00 (comerciários). Ingressos à venda na Rede SESC. Horário de funcionamento da bilheteria: terça a sexta das 10h às 21h30. Sábados das 10h às 21h30, domingos e feriados das 10h às 18h30. Tel.: 11 3095.9400.Duração: 50 minutos. Não recomendado para menores de 14 anos.
Temporada: até 03 de março