Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Até que ponto a justiça é, efetivamente, justa? Essa pergunta que me persegue desde que assisti Olleana (e repensei sobre minha posição à respeito da Redução da Maioridade Penal e de como é perigoso deixar a “justiça” nas mãos de um poder judiciário, muitas vezes, arbitrário, “retrógrado” – termo muito bem empregado por Miguel Falabella), me colocou ainda mais em dúvida depois da decisão de Flávio Bretas Soares, integrante do Juízo Auxiliar da Infância e Juventude do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que impediu a participação de Matheus Braga e Kalebe Figueiredo, atores-mirins com diversos trabalhos em seus currículos, de dar vida ao jovem Mariano no musical Memórias de Um Gigolô, cuja estreia para convidados foi ontem no Teatro Procópio Ferreira.
Antes de assistir ao espetáculo, encontrei o ator Matheus Braga, acompanhado pelos seus pais, desolado pela decisão do excelentíssimo juiz Flávio Bretas Soares. Dona Priscila Braga, mãe de Matheus, conta que acompanhou todos os ensaios e lamenta a decisão do juiz. Ela me pergunta se já assisti ao espetáculo. Respondo negativamente e ela afirma que depois de assistir vou perceber o nonsense da decisão.
Assisto e desejo questionar ao excelentíssimo juiz: por quê? Em que Memórias de Um Gigolô, O Musical pode afetar no desenvolvimento dos atores Matheus e Kalebe, 13 e 10 anos respectivamente? Não há cena de nudez, nem palavrão. Cabaré, casa de tolerância, bordel e mesmo as prostitutas do espetáculoa, são retratos romantizados de uma “São Paulo antiga como um postal que se perdeu”. Ora, excelentíssimo, desde quando a arte afeta o desenvolvimento de alguém? O que causará danos aos garotos e aos espectadores que deixam de assistir a esses jovens talentosos, é essa decisão.
FICA NOSSO ALERTA E REPÚDIO CONTRA ESSE ATO QUE REMETE À CENSURA DA DITADURA MILITAR COM ROUPAS DE “PROTEÇÃO”