SÃO PAULO – O espetáculo Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul – que, durante o mês de janeiro e, também, no dia 1º de fevereiro, poderá ser conferido, sempre às sextas-feiras no Teatro Cacilda Becker – é um duro, mas verdadeiro, retrato da geração de hoje que não consegue conceber outro tipo de existência a não ser a baseada na destruição daquele que não se enquadra no que ele considera correto.
A peça escrita pelo uruguaio Santiago Sanguinetti traz propõe uma reflexão sobre o atual e tenso cenário político da América Latina. A montagem brasileira do espetáculo se deu com o grupo paulistano Coletivo Labirinto e conta com a direção de Marina Vieira. No elenco, Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez e Wallyson Mota.
O espetáculo apresenta de maneira tragicômica uma geração criada após a queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética, que é bombardeada cotidianamente pela publicidade e pelo imaginário capitalista, não conseguindo mais pensar em outras formas de relação ou existência que não sejam pela eliminação absoluta do outro e pela destruição.
Essas pessoas são violentadas constantemente pelo imaginário neoliberal e globalizado da cultura de massa norte-americana, que digere tudo à moda fast- food, mas que intui que algo em tudo isso não está bem, não faz sentido. Apesar disso, não consegue encontrar vias para se articular politicamente ou para entender as referências de pensamento que encontra brevemente nas estantes de algumas bibliotecas.
. Os desencontros e a falta de sentido dessa e de tantas outras ações revelam a idiotização de nossos tempos e a necessidade de buscarmos e discutirmos algum imaginário possível sobre os ideais de revolução que permearam a América Latina nos anos de 1960 e 1970. O texto uruguaio foi adaptado pelo grupo para o contexto brasileiro em conjunto com o dramaturgo Santiago Sanguinetti.
Recentemente, o dramaturgo uruguaio tem gerado grande discussão no teatro montevideano e seus textos também ganharam encenações em Buenos Aires, Paris, Berlim, Chile e São Paulo – Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul estreou simultaneamente nos dois últimos países.
Depois de duas temporadas de sucesso em São Paulo (Centro Cultural São Paulo e Teatro de Contêiner) e de apresentações pelo interior de São Paulo, o Coletivo Labirinto faz curta temporada do espetáculo no Teatro Cacilda Becker nos dias 10, 17, 24 e 31 de janeiro e 1 de fevereiro às 21h.
SOBRE O COLETIVO LABIRINTO
Desde 2013, o Coletivo Labirinto investiga as relações do indivíduo com o seu panorama social por meio da dramaturgia latino-americana contemporânea. Seu primeiro espetáculo foi “SEM_TÍTULO”, com dramaturgia do portenho Ariel Farace, que estreou no Sesc Consolação em 2014. A peça discutia a constatação de uma sociedade apática, solitária, enclausurada em seus pequenos apartamentos e soterrada pelas demandas do modo de vida dos grandes centros urbanos.
SOBRE MARINA VIEIRA
Esta é a estreia da atriz Marina Vieira na direção. Ela é formada pelo Célia Helena Teatro-Escola e licenciada em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas pelo Instituto de Artes da UNESP.
Como assistente de direção, participou de “Leocádia, a sombra de quatro patas”, textos de Ivana Arruda Leite, com direção de Marcelo Lazzaratto; “Sobre Janelas e Filmes”, textos de vários autores, direção de Gabriel Miziara; “Apenas o fim do mundo”, de Jean Luc Lagarce, direção de Marcelo Lazzaratto. Como atriz, esteve nos espetáculos: “Quinze atores à procura de um papel”, com direção de Cleyde Yáconis; “As Troianas”, direção de Nydia Lícia, entre outros.
Integrou a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico por 17 anos, desde sua fundação, participando dos espetáculos: “A Ilha Desconhecida”, adaptação do conto de José Saramago; “Peça de Elevador”, de Cássio Pires; “A hora em que não sabíamos nada uns dos outros”, de Peter Handke; “Amor de Improviso”, de autores diversos; “Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse”, de Jean Luc Lagarce; “Do jeito que você gosta”, de William Shakespeare; “O jardim das cerejeiras”, de A. Tchekhov; “Sala dos Professores”, de Leonardo Cortez, entre outros, sempre sob a direção de Marcelo Lazzaratto.
SINOPSE
Quatro amigos tentam elaborar um atentado contra uma emblemática Faculdade de Ciências Humanas. Os desencontros e a falta de sentido dessa e de tantas outras ações que daí decorrem deflagram a idiotização de nossos tempos e a necessidade de buscarmos e discutirmos algum imaginário possível sobre os ideais de revolução que permearam a América Latina nos anos 60 e 70.
FICHA TÉCNICA
Autor: Santiago Sanguinetti
Tradução e Adaptação: Coletivo Labirinto e Marina Vieira
Direção: Marina Vieira
Elenco: Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez e Wallyson Mota
Cenografia e Figurino: Marina Vieira e Wallyson Mota
Vídeos e projeções: Laíza Dantas Imagens: Rafael B. Gomes Sonorização: Gustavo Velutini Iluminação: Paula Hemsi Cenotécnica: Léo Ceolin
Operação de Luz e Som: Ton Ribeiro Operação de vídeo: Lana Scott Designer gráfico: Oré Design Studio Fotografia: Roberto Setton
Produção: Carol Vidotti e Wallyson Mota
Realização: Coletivo Labirinto
Espetáculo Contemplado pelo Prêmio Cleyde Yaconis/2019
SERVIÇO
Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul Teatro Cacilda Becker – R. Tito, 295 – Lapa
Dias: 10, 17, 24, 31 de janeiro e 1 de fevereiro
Horário: 21h
Ingressos: R$30,00 / R$15,00
Classificação: 14 anos
Duração: 85 minutos