Maurício Mellone, para o www.favodomellone.com.br – parceiro do Aplauso Brasil
O diretor Marco Antônio Braz monta pela primeira vez no Brasil Bola de Ouro. texto do dramaturgo francês Jean-Pierre Sarrazac. Três amigos recebem estranha convocação para se reunirem em antigo café parisiense

SÃO PAULO – Bola de Ouro, peça do contemporâneo dramaturgo francês Jean-Pierre Sarrazac, apresentada somente quintas e sextas, fica em cartaz no Teatro FAAP só até o próximo dia 7 de março. São, portanto, duas últimas semanas para conferir este texto inédito no Brasil.
Com direção de Marco Antônio Braz, o espetáculo — estrelado por Celso Frateschi, Walter Breda, Marlene Fortuna, Luiz Amorim e Carolina Gonzalez — narra a inusitada convocação para que três velhos amigos se reúnam no Café Bola de Ouro, que hoje não existe mais (em seu lugar funciona uma livraria).
Na juventude os três — o escritor (Frateschi), o jornalista (Breda) e a artista plástica (Fortuna) — faziam parte de um grupo de revolucionários que se reuniam no antigo café com o intuito de criar estratégias para mudar o mundo. O que chama a atenção dos três é que a convocação vem por e-mail, é assinada pelo pseudônimo de Pluvinage (Amorim) e traz um tom de vingança e mistério.

Passados 30 anos, os três amigos tomaram rumos diferentes na vida: o escritor com veia revolucionaria tornou-se famoso e assimilado pelo Estado; o jornalista deixou de fazer panfletos para se tornar redator de um jornal burguês e a artista plástica, antiga jornalista feminista, hoje vive reclusa e ensimesmada.
Quem provoca o reencontro deles é o personagem misterioso da trama, Pluvinage, mas o verdadeiro elo entre eles é exercido pela estagiária (Carolina), que é filha da artista plástica e passa a trabalhar ao lado do jornalista exatamente no período em que os e-mails começam a ser enviados. Por se parecer muito com a mãe, a moça exerce forte atração, tanto sobre o escritor como sobre o jornalista.
A inusitada convocação para o encontro — num local inexistente, mas vivo na memória deles — provoca nos personagens uma revisão interna. Todos passam a rever suas posições diante da vida e a reunião toma o ar de um ultimato, um autêntico ajuste de contas entre eles e a vida.
“Na minha peça, passado e presente entram violentamente em colisão por meio de personagens ao mesmo tempo vivos e alegóricos: a Imóvel/artista plástica, o Escritor-herói, o Jornalista, a Estagiária e Pulvinage, o Praguejador”, explica Jean-Pierre Sarrazac.
Bola de Ouro se destaca pela sintonia dos atores em cena e pelo tom preciso da direção de Marco Antônio Braz, além do cenário de Sylvia Moreira, que delimita bem o espaço de cada personagem, e a sensível iluminação de Fran Barros. Não perca, só até o dia 07 de março.
Roteiro:
Bola de Ouro. Texto: Jean-Pierre Sarrazac. Tradução: Carolina Gonzalez. Direção: Marco Antônio Braz. Elenco: Celso Frateschi, Walter Breda, Marlene Fortuna, Luiz Amorim e Carolina Gonzalez.Cenografia e figurino: Sylvia Moreira. Iluminação: Fran Barros. Trilha sonora: Zema Tämatchan. Assistência de direção: Marcelo Peroni. Visagismo: Jorge Abreu e Emerson Murat. Direção de produção: Henrique Benjamin. Fotografia: Lenise Pinheiro.
Serviço:
Teatro FAAP (500 lugares), Rua Alagoas, 903, tel. 3662.7233 e 3662.7234. Horários: quinta e sexta às 21h. Ingresso: R$ 30,00 (quintas) e R$ 40,00 (sextas), com meia entrada. Bilheteria: de quarta a sábado, das 14h às 20h e domingo das 14h às 17h. Estacionamento gratuito, com vagas limitadas. Acesso para deficiente. Ar condicionado. Duração: 80 minutos. Classificação: 12 anos. Temporada: até 07 de março.