Maurício Mellone, para o www.favodomellone.com.br – parceiro do Aplauso Brasil

Azirilhante, texto e direção de Daniela Duarte, a peça parte de fato real: a mãe da atriz antes de morrer comprou uma estrela no site da Nasa e colocou seu nome Azirilhant, que significa a mão do anjo da morte
SÃO PAULO – Depois da morte da mãe uma filha descobre, nos guardados dela, um Certificado Estelar Internacional. Isto mesmo: anos antes de morrer, uma senhora compra, por meio do site oficial da Nasa, uma estrela, que ela deu o nome de Azirilhant, sobrenome da família. Isto pode parecer uma fábula, mas é a mais pura verdade e aconteceu com a atriz Flavia Melman, que durante um chá com a dramaturga Daniela Duarte contou os detalhes de como sua mãe havia comprado uma estrela. Daniela se encantou com o relato e não bastou muito para escrever a peça Azirilhante, que está em cartaz no Teatro Eva Herz.
Partindo deste mote da compra da estrela e do sonho de uma mulher em querer voar, a peça remonta uma das relações mais fortes, a de mãe e filha. (leia mais)
Engana-se quem imagina que o espetáculo é denso ou trágico. Mesmo com o aviso dado pela atriz no início do monólogo, “Imagina filha: hoje é meu último dia de vida…” a peça é poética e muito bem-humorada, revelando a íntima e próxima relação entre mãe e filha.
“Era hora de tocar nessa dor profunda: a morte precoce da mãe. E, dessa vontade, o desejo da atriz de processar o vazio em teatro, encená-lo e transformá-lo. Este espetáculo nasceu deste instante: houve uma explosão e fez-se luz. Aqui, como dramaturga e diretora, sinto que apenas dei passagem para aquilo que já existia”, confessa Daniela Duarte.

Durante toda a trama, a mãe fala sobre sua existência, suas dúvidas, inquietações e anseios e, de forma insistente, chama a atenção da filha (‘imagina, filha’ ou ‘olha, filha’). Mas em determinadas passagens é esta filha que ampara e apoia a mãe.
“Esta é uma peça que propõe uma reflexão sobre a vida e sobre a resiliência. Coloca também em foco a questão que move a filosofia: como vivemos e para que vivemos? Neste trabalho, arte e vida são uma coisa só. É celebrar a vida no teatro. Arte pra mim é aprendermos a passar pelas mortes sem carregarmos os esqueletos nas costas… Rindo e encontrando beleza, mesmo na dor”, filosofa Flavia Melman.
Azirilhante, uma produção da Cia. Simples, é encenada somente aos sábados, às 18h. Além da tocante interpretação da atriz, destaque para a iluminação e cenário de Marisa Bentivegna (a geladeira num dos cantos do palco tem inúmeras funções) e o figurino criativo de Claudia Schapira.
Roteiro:
Azirilhante. Texto e direção: Daniela Duarte. Elenco: Flavia Melman. Iluminação e cenário: Marisa Bentivegna. Figurino: Claudia Shapira. Vídeos e fotos: Otávio Dantas. Preparação na dramaturgia: Ricardo Leite Agostinho. Preparação corporal: Fabiano Benigno. Trilha original: Natalia Mallo, com participação de Claudio Faria.
Serviço:
Teatro Eva Herz (168 lugares), Av. Paulista, 2073, Livraria Cultura. Horários: sábado, às 18h. Ingressos: R$ 40. Bilheteria: terça a sábado, das 14h às 21h. Domingo, das 12h às 19h. Aceita todos os cartões de crédito. Não aceita cheque. Informações: (11) 3170-4059 – www.teatroevaherz.com.br. Vendas: www.ingresso.com e 4003-2330. Duração: 65 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 25 de maio.