Maurício Mellone, para o www.favodomellone.com.br – parceiro do Aplauso Brasil

Com direção de Ulysses Cruz, Tribos mostra a vida de uma família em que um dos filhos, interpretado por Bruno Fagundes, é surdo. No elenco, além de Bruno, estão Antonio Fagundes, Eliete Cigaarini, Arieta Correa, Guilherme Magon e Maíra Dvorek
SÃO PAULO – Depois da bem-sucedida parceria no palco de pai e filho com a peça Vermelho, Antonio e Bruno Fagundes voltam a subir no palco em nova montagem teatral. Desta vez não estão sós: em Tribos, segundo texto da inglesa Nina Raine (Sem Pensar),que acaba de estrear no TUCA, eles contracenam com Eliete Cigaarini, Arieta Correa, Guilherme Magon e Maíra Dvorek. Todos fazem parte de uma família cujo caçula Billy, interpretado por Bruno, nasceu surdo e desde pequeno aprendeu a leitura labial e nunca conviveu com outros deficientes auditivos.

No entanto, Billy conhece Sylvia (Arieta), que está perdendo a audição e tudo se transforma. A moça o leva para um clube frequentado por surdos e aí Billy entra em conflito com seu estilo de vida até então. Aprende a linguagem dos sinais e sua relação com os demais familiares é posta em cheque.
Com texto de Nina Raine e tradução de Rachel Ripani, a peça é composta de nove cenas, pontuadas por um grande telão no fundo do palco que também exibe falas quando os personagens se comunicam por sinais.
Christopher (Antonio Fagundes) e Beth (Eliete Cigaarini) optaram por criar Billy como se fosse uma criança sem problema físico; seus irmãos Daniel (Guilherme Magon) e Ruth (Maíra Dvorek) nunca usaram a linguagem de sinais com ele.
Esta aparente harmonia é rompida quando o rapaz começa a namorar e percebe que sempre viveu isolado

ou no mínimo com dificuldade de integração. Inclusão é tema ignorado pela família, tanto no caso de Bruno como no de Daniel, como posteriormente o público vem a compreender.
Mais do que a surdez, Tribos discute o preconceito, egoísmo, falta de comunicação e, principalmente, o desamor entre as pessoas que vivem tão próximas umas das outras.
Além de atuações emocionantes de Eliete Cigaarini e Arieta Correa, quem me chamou a atenção no espetáculo foram exatamente Bruno Fagundes e Guilherme Magon; com personagens de perfis psicológicos densos e rebuscados, os dois jovens atores estão seguros e intimamente focados em seus papéis. A cena final entre eles é tocante e sintetiza a proposta dramatúrgica da autora.

Destaque ainda para a iluminação de Domingos Quintiliano e a trilha sonora de André Abujamra.
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Roteiro:
Tribos. Texto: Nina Raine. Tradução: Rachel Ripani. Direção: Ulysses Cruz. Elenco: Bruno Fagundes, Arieta Correia, Eliete Cigaarini, Guilherme Magon, Maíra Dvorek e Antonio Fagundes. Figurino: Alexandre Herchcovitch. Cenografia: Lu Bueno. Iluminação: Domingos Quintiliano. Trilha sonora: André Abujamra. Fotografia: João Caldas. Diretor de produção: Germano Soares Baía. Realização: Antonio Fagundes e Bruno Fagundes.
Serviço:
Teatro TUCA (672 lugares), Monte Alegre, 1024, tel: (11) 3670-8455. Horários: sexta e sábado às 21h30 e domingo às 18h. Ingressos: sexta R$ 50, sábado R$ 60 e domingo R$ 50. Estacionamento: R$ 12 (Rua Monte Alegre, 835). Venda: bilheteria, de terça a domingo das 14h às 19h e domingo das 14h às 18h ou pelo site www.ingressorapido.com.br. Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 15 de dezembro.