Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)
SÃO PAULO – Além de sua importância e participação em diversos segmentos culturais, sobretudo o LGBT, Phedra de Córdoba conseguiu demonstrar que a questão de gênero nunca é obstáculo para revelar um talento nato. Numa sociedade que se preocupa com a aparência, com “o que os outros vão falar”, em que o falso liberalismo camufla preconceitos fossilizados, o diretor Rodolfo García Vázquez e o ator Ivam Cabral, fundadores d’ Os Satyros, convidaram a atriz cubana para integrar o elenco de A Filosofia na Alcova (2003), da obra de Marquês de Sade.
Em cartaz no repertório da companhia, mesmo com incontáveis trocas de teatro, horário e elenco, A Filosofia na Alcova trouxe Phedra de Córdoba na pele do criado sifilítico da sádica Juliette, Augustin. A ironia expressa pelo olhar da personagem que, paulatinamente, ia se transformando em mulher será definitivamente inesquecível.
No final de 2003 conhece a dramaturga e escritora alemã Dea Loher, por meio d’ Os Satyros Rodolfo e Ivam. Dea que trabalhava num texto sobre o Brasil e teve seu lap top, e toda asua pesquisae trabalho, furtado passa a voltar seus olhos para os personagens que transitam pela Praça Roosevelt, onde é a sede d’Os Satyros. No caminho de uma viagem à basílica de Aparecida do Norte, Phedra conta histórias peculiares sobre sua vida. Dea se apaixona e, a partir de personagens reais, inclusive dados da vida de Phedra, cria o belíssimo texto A Vida na Praça Roosevelt, estreado em 2004 pelo Thalia Theatre (Hamburgo/ Alemanha) e em 2005 pel’ Os Satyros, com a emocionante participação como o menino que foi.
As histórias de Phedra e outras transexuais da Praça Roosevelt também inspiraram Rodolfo García Vázquez a conceber Transex, de 2004, na qual Phedra fez uma antológica dublagem de Yo Viviré, versão de Célia Cruz para o hit I Will Survive.
Participou de Kaspar, Divinas Palavras, ,Cabaré Extravaganza ,Liz e Hipóteses Para o Amor e a Verdade, que se tornou filme homônimo, todos trabalhos com Os Satyros. Chegou a estrear em Pessoas Sublimes, espetáculo d’ Os Satyros que estreou há pouco, mas pouco depois descobriu-se doente.
Diva inesquecível, Phedra de Cótdoba entra automaticamente na galeria dos mitos da Praça Roosevelt.