*Maurício Mellone

Adaptado por Mário Viana , Pira, Pirandello, Pira é uma homenagem ao dramaturgo siciliano e fica em cartaz até 10 de setembro no Espaço Parlapatões
Tendo como base o livro Um, Nenhum, Cem Mil (Uno Nessuno e Centomila), além de pesquisa de toda a obra de Luigi Pirandello, o jornalista e dramaturgo paulistano Mário Viana escreveu Pira, Pirandello, Pira como uma forma de homenagear o escritor e dramaturgo siciliano. Um tema recorrente em Pirandello é a busca da verdade e nesse trabalho fica mais uma vez demonstrada essa preocupação. A montagem está no Espaço Parlapatões e é assinada por Bárbara Bruno, traz a trilha sonora de Du Moreira, coreografia de Paulo Goulart Filho e no elenco Beto Bellini, Eliete Cigarini, Cláudio Curi, Vanessa Goulart, Rafael Maia e Edu Guimarães.
O personagem central, Vitangelo Moscarda (Beto Bellini), logo na primeira cena entra em crise existencial quando sua esposa, vivida por Eliete Cigarini, diz que seu nariz é torto. Um simples comentário ou a forma como o outro o via é o bastante para que Vitangelo não suporte a dúvida sobre sua identidade; passa a partir de então numa busca incessante para saber ou entender quem ele é.
Herdeiro de um banqueiro e num casamento feliz, Vitangelo recusa o cargo no banco e sua esposa o abandona; parte em peregrinação tentando se encontrar.

Beto Bellini, que também é um dos produtores do espetáculo, confessa ter lido — e se apaixonado — pelo livro de Pirandello há anos e batalhou muito para realizar o sonho de transpô-lo ao palco.
“O texto do Mário é uma homenagem ao Pirandello, pois ele absorveu toda a obra pirandelliana. A verdade é o grande questionamento de Pirandello e na peça fica evidente que o EU depende de quem o vê, Vitangelo tem obsessão por essa ideia”, diz.
Com um enredo tão profundo e sério, pode parecer que a montagem é um drama. No entanto, Pira, Pirandello, Pira é uma comédia enlouquecida, de acordo com Bárbara Bruno, no que Viana concorda:
“O texto não é o rir pelo rir. O espectador ri da situação patética do personagem e ao mesmo tempo reflete sobre o questionamento dele”.
Um dos aspectos peculiares da montagem, e que me chamou a atenção, é a introdução de personagens de outras peças de Pirandello, como Seis personagens à procura de um ator.
No início, Cláudio Curi, Vanessa Goulart, Edu Guimarães e Rodrigo Maia estão sentados platéia e aos poucos vão se dirigindo ao palco, como os personagens que buscavam o autor.
A peça tem ritmo e movimento, graças à coreografia de Paulo Goulart Filho — a interação dos irmãos Bárbara e Paulo é fundamental para o bom andamento da trama.
O único senão é quanto à logística: meia-noite é um horário muito tarde e a temporada é de apenas um mês (estreou semana passada e termina dia 10 de setembro).
Roteiro:
Pira, Pirandello, Pira. Texto: Mário Viana (baseado no livro Um, Nenhum e Cem Mil, de Luigi Pirandello). Direção: Bárbara Bruno. Assistente de direção: Samira Lochter. Com: Beto Bellini, Eliete Cigaarini, Cláudio Curi, Vanessa Goulart, Edu Guimarães e Rodrigo Maia. Cenário e figurinos: Milton Fucci. Coreografia: Paulo Goulart Filho. Trilha sonora: Du Moreira. Iluminação: Rodolfo García Vázquez. Fotografia: Damien Golovaty. Coordenação de produção: Erika Barbosa. Núcleo de Produção: FAZ Centro de Criação.
Serviço: Espaço Parlapatões (96 lugares), Praça Franklin Roosevelt, nº 158.Tel: 11 3258-4449 . Sextas e sábados à meia-noite. Ingresso: R$ 30,00. Aceita cartões: Visa / Master Card / American Express. Bilheteria: das 16 às 22h.Ingresso rápido: www.ingressorapido.com.br
Temporada: Até 10 de setembro.
*Maurício Mellone é editor do site Favo do Mellone