Maurício Mellone, editor do Favo do Mellone site parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Ao lado de Paulo Azevedo e dirigida pelo marido, Hector Babenco, a atriz iniciou nova temporada na cidade da peça, uma adaptação do romance de Lolita Pille, que faz um retrato ácido da juventude rica, consumista e sem ideais dos nossos tempos
SÃO PAULO – Para abrir a programação do ano do Teatro Eva Herz, retorna à cidade, depois do sucesso no ano passado e de uma temporada no Rio, a peça Hell, primeira adaptação para o teatro do romance da escritora francesa Lolita Pille, que se tornou best-seller em diversos países.
Hector Babenco e Marco Antônio Braz adaptaram o livro, condensando a trama em apenas dois personagens, Hell e Andrea (interpretados por Bárbara Paz e Paulo Azevedo), que representam a juventude rica e consumista de Paris deste início de século.

Preocupados unicamente com o supérfluo (consumo de roupas e objetos de grife) e baladas regadas a sexo, álcool e muita droga, o casal cai numa emboscada: eles se apaixonam. No entanto, como ambos não sabem lidar com os verdadeiros sentimentos e são frutos de uma sociedade competitiva em que os jovens são educados sem limites e ideais, as chances são maiores para a autodestruição do casal do que para a concretização da relação amorosa.
A trama de Hell se passa na capital francesa, mas poderia ser qualquer metrópole mundial, pois a obra é ao mesmo tempo um retrato cruel e uma crítica mordaz ao estilo de vida dos jovens ricos do século XXI.
Com uma linguagem ágil e dinâmica, a garota (registrada como Ella mas usa somente o pseudônimo de Hell), relata sua vida como estivesse escrevendo um diário ou um blog virtual. Fumando e bebendo sem parar, Hell troca de roupa, de cenário e de astral com uma rapidez incrível e o público embarca na ‘viagem’ da personagem com a mesma agilidade da narrativa.

O diretor sendo um cineasta, trouxe para o espetáculo uma plasticidade contagiante, muito próxima da sétima arte. Isto fica nítido na cena em que Hell canta diante de uma tela com um vermelho intenso e na cena de amor do casal, que além da sintonia entre os atores o ritmo lembra muito uma tomada em câmera lenta. Emoção e entrosamento total!
Ao lado de Babenco, é preciso destacar o trabalho de Giovanni Bianco, responsável pela concepção de imagem, da luz de Beto Bruel, cenários de Felipe Tassara e figurino de Renata Correa.
Entretanto, o grande destaque de Hell é sem dúvida para Bárbara Paz, que revela um rigor na composição de um personagem denso, de uma solidão profunda e de um completo desapego à vida.
Saí da sala de espetáculo com um vazio no peito e uma desesperança, muito em função da carga dramática e a entrega que Bárbara tem com a personagem niilista de Lolita Pille.
Roteiro:
Hell.Texto: Lolita Pille Adaptação: Hector Babenco e Marco Antonio Braz. Direção: Hector Babenco. Co-direção: Murilo Hauser. Elenco: Bárbara Paz e Paulo Azevedo. Concepção de Imagem: Giovanni Bianco. Cenografia: Felipe Tassara. Iluminação: Beto Bruel. Fotografia: João Caldas. Direção técnica: Marta Tramonti. Assistente de produção: Laura Salerno. Produção executiva: Roberta Koyama.
Serviço:
Teatro Eva Herz (166 lugares), Avenida Paulista, 2.073 – Livraria Cultura / Conjunto Nacional. Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: R$ 70. Bilheteria: Terça a sábado, das 14h às 21h. Domingo, das 12h às 19h. Em feriado, sujeito à alteração. Aceita todos os cartões de crédito. Não aceita cheque. Vendas pela internet:www.ingresso.com. Vendas por telefone: 4003-2330. Informações: (11) 3170-4059 –www.teatroevaherz.com.br. Duração: 75 minutos. Classificação Etária: 14 anos. Temporada: até 15 de abril