Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

Mais de uma década de existência e a fórmula encontrada pela Cia. Livre para a criação de um novo trabalho segue o mesmo curso, a abertura de seu processo de estudos para o público. Em Édipo & Anti-Édipo não será diferente: à partir de hoje, a trupe estuda junto com seus espectadores a miscigenação, as peculiaridades, os mitos, enfim, o que cerca a múltipla identidade que forma o homem brasileiro com base no tema África Brasil Mestiçagem. TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA.
“A Cia. Livre virou uma companhia durante um estudo publico sobre o Nelson Rodrigues, em 1999. Duas características que falam muito sobre os nossos espetáculos é essa relação que travamos com o público e o fato de estudarmos bastante antes de fazer o espetáculo, o que nos possibilita criar um dialogo multidisciplinar entre as formas de ver o mundo. Em 2004 entrou um historiador Cia. e, depois, um antropólogo. Passamos a ver outros pontos de vista e isso interfere direto na cena deixando mais rica. E o importante é que esses estudos não são à portas fechadas, criamos o espetáculo encontrando o publico e garantindo o lugar do publico na própria estrutura de peca”, conta Cibele Forjaz, diretora geral da Cia.
A Cia. Livre pode se dar ao luxo de mergulhar no processo de estudos no caso de Édipo & Anti-Édipo, graças a um edital do Programa Cultura Petrobras Cultural que, “apesar de ser um patrocínio de criação de espetáculo, também permite à Cia. Livre à pesquisa para um trabalho de longo prazo, o que nos facilita a continuar uma forma de trabalho que já está na raiz da Cia”.
A origem de Édipo & Anti-Édipo veio responder ao tema escolhido pela trupe, a miscigenação África/ Brasil que é a gênese de nossa formação de identidade. Para Cibele Forjaz, o mito de Édipo, “numa perspectiva mais delleuziana” (referente ao livro O Anti-Édipo, de Giles Delleuze), ilustra bem o desejo de trabalhar sobre a reflexão acerca da diversidade do homem brasileiro.

“O perigo é matar o pai sem saber. De uma forma metafórica, creio que a relação com a nossa raça e cultura é de subestimar seu povo e nossa riqueza está na cultura africana, ameríndia. É da diferença e da mistura que vem nossa força e não nossa fraqueza. No entanto, isso é subestimado em vários lugares e situações”, finaliza.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
AULAS PÚBLICAS – segundas-feiras, das 14h às 17 horas
Dias: 14/03, 21/03, 28/03, 4/4, 11/04, 18/04, 25/04, 02/05, 09/05, 16/05, 23/05, 30/05, 06/06, 20/06 e 27/06.
Curso de 4 meses sobre o tema África-Brasil/Mestiçagem, nas áreas de historia, antropologia e artes. Conexões entre o tema e o mito de Édipo Rei.
Coordenação e aulas: Rodrigo Bonciani e Pedro Cesarino.
Professora convidada: Lilia Moritz Schwarcz.
Inscrições – estudo@cialivredeteatro.com.br
EXPERIMENTOS CÊNICOS – segundas-feiras, às 20 horas
Dias: 28/03, 11/04, 25/04, 09/05, 23/05, 06/06, 20/06 e 27/06.
Elaboração cênica dos conteúdos levantados pelas aulas públicas. Ensaios gerais em processo aberto. As deglutições cênicas são criadas e realizadas pela Cia.Livre – Direção: Cibele Forjaz. Direção de arte: Simone Mina.Musica: Lincoln António e Beth Belli. Iluminação: Alessandra Domingues. Atores: Edgar Castro, Eduardo Gomes, Eduardinho Silva, Lucia Romano, Vanderlei Bernardino.
LEITURAS DRAMÁTICAS – Concepção e realização Cia Livre
1. Édipo Rei, de Sófocles. Dia 14 de março, às 20 horas
2.Outros Édipos (vários). Dia 21 de março, às 20 horas.
3. Arena Conta Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Dia 04 de abril, às 20 horas.
4. Iansã e Xangô, de Paulo Faria. Dia 18 de abril, às 20 horas.
5. A missão, Heiner Müller. Dia 2 de maio, às 20 horas.
6. Aruanda, de Joaquim Ribeiro. Dia 16 de maio, às 20 horas.
7. O Anjo Negro, Nelson Rodrigues. Dia 30 de maio, às 20 horas.
8. Os Negros, de Jean Genet. Dia 13 de junho, às 20 horas.
FILMES
1. Édipo Rei, Pier Paolo Pasolini . Dia 25 de março, às 20h.
2. Ganga Zumba, de Carlos Diegues. Dia 08 de abril, às 20h.
3. O Atlântico Negro: Na Rota dos Orixás, de Renato Barbieri. Dia 29 de abril, às 20h.
4. Pedra da Memória, de Renata Amaral. Dia 29 de abril, às 21h.
5. Cobra-Verde, Werner Herzog, Dia 13 de maio, às 20h.
6. Aruanda, de Linduarte Noronha e Barravento, de Glauber Rocha. Dia 27 de maio, às 20h.
7. Os Mestres Loucos (+ seleção de curtas), de Jean Rouch.Dia 10 de junho, às 20h.
8. Terra Deu, Terra Come, de Rodrigo Siqueira. Dia 24 de junho, às 20h.
PALESTRAS
1. O Mito – Édipo Rei
Maria Cecília de Miranda Coelho.
Dia 18 de março, às 20h.
2. Reis, Orixás & Édipo
Reginaldo Prandi
Dia 1 de abril, às 20h.
3. Rituais, Festas, Oráculos e Feiticeiros
Maria Lúcia Montes
Dia 15 de abril, às 20h.
4. Arte Africana.
Lise Salum
Dia 06 de maio, às 20h.
5. Entre a inclusão e a exclusão. Novos projetos da república velha.
Lilia Moritz Schwarcz
Dia 20 de maio, às 20h.
6. O Complexo de Édipo e outras apropriações.
Miriam Chnaiderman
Dia 03 de junho, às 20h.
7. Édipo & Anti-Édipo.
Convidado a confirmar.
Dia 17 de junho, às 20h.
8. Intelectuais negros, modernidade negra e políticas de ação afirmativa.
António Sérgio Guimarães
Dia 01 de julho, às 20h.
ESTUDO PÚBLICO ÁFRICA-BRASIL MESTIÇAGEM COM A CIA LIVRE – a partir de 14 de março, segunda-feira naCasa Livre. R. Pirineus, 107 – Barra Funda (travessa da Av. São João / Próximo do metrô Marechal Deodoro). Telefone – 3257 6652 / 6430 9916. Mais informações:www.cialivredeteatro.com.br /estudo@cialivredeteatro.com.br Toda a programação é grátis.