Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (Michel@aplausobrasil.com)

Há um movimento singelo, perene e ambíguo nas voltas que a vida dá. Seguindo o trajeto da existência, Célia Regina Forte decalca emoção em doses cavalares, sem perder os recortes cômicos da vida-nossa-de-cada-dia, em seu segundo texto a ser encenado, Ciranda, dirigido por José Possi Neto, em cartaz de sexta a domingo no aconchegante Teatro Eva Herz.
Os figurinos, de beleza ímpar, assinados por Fábio Namatame (também o autor do cenário, a casa de Lena, formando um painel com colagens de fotos e cartazes de ídolos da juventude nos anos 1960/ 70, uma verdadeira obra de arte), deixa evidente a linha que norteia a concepção de Possi: as roupas de Lena (Tânia Bondezan), a mãe, dona de um restaurante vegetariano, remetem ao universo hippie, desapegado dos valores materiais, típicos de sua geração; já Boina (Daniela Galli), a filha que teve aos 17 anos, usa uma roupa sintética, uma espécie de tailleur preto, cabelos presos num coque, que definem bem sua personalidade oposta a da mãe. Ela é o produto de uma burguesia capitalista, ligada ao poder e aos benefícios obtidos com o dinheiro. Entretanto, o texto passa ao largo da discussão de ideologias opostas das personagens, sobrando espaço para situações cômicas que pontuam a vida entre gerações opostas.
Num segundo momento, Célia propõe um interessante jogo dramático: a atriz que vivia Lena dá voz à Boina e esta vive Sara, neta de Lena, criada pela avó após a mãe fugir para o exterior. Quinze anos depois, Boina volta e é chegada a hora do acerto de contas entre mãe e filha.

O texto flerta com o que há de bom no melodrama: a divisão clara dos parâmetros ideários de cada uma das três personagens é bastante claro e, fortificado pelo vigor de Tânia Bondezan e a verdade de Daniela Galli, a emoção toma a cena e as lágrimas brotam em nossos olhos, assim como a escola melodramática o deseja.
Vale ressaltar a reflexão proposta por Lena, na carta que deixa à Boina: valeu à pena lutar para vermos o povo no poder se, na verdade, o que há é o “ex-povo” no poder? Essa pergunta nos faz rever a nossas próprias convicções.
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Ficha Técnica:
Ciranda, de Célia Regina Forte
Direção: JOSÉ POSSI NETO
Elenco: TANIA BONDEZAN e DANIELA GALLI
Cenário e Figurino: FÁBIO NAMATAME
Iluminação: WAGNER FREIRE
Trilha Sonora: TUNICA TEIXEIRA e ALINE MEYER
Assistente de direção: EDUARDO SANTIAGO
Preparação Corporal: VIVIEN BUCKUP
Pintura de Adereços: ANTONIO OCELIO DE SÁ ALENCAR E JADY FORTE
Fotos: JOÃO CALDAS
Programação Visual: VICKA SUAREZ
Captação e Edição de Imagens: VALÉRIE MESQUITA
Assistente de Produção: JADY FORTE
Coordenação de Produção: EGBERTO SIMÕES
Produtora: SELMA MORENTE
CIRANDA
Teatro Eva Herz (166 lugares)
Avenida Paulista, 2.073 – Livraria Cultura / Conjunto Nacional
Informações: (11) 3170-4059 – www.teatroevaherz.com.br
Bilheteria: Terça a sábado, das 14h às 21h. Domingo, das 12h às 19h. Em feriado, sujeito à alteração. Aceita todos os cartões de crédito. Não aceita cheque.
Vendas pela internet: www.ingresso.com
Vendas por telefone: 4003-2330
Sextas e Sábados às 21h; Domingos às 18h
Ingressos: Sexta R$ 40; Sábado e Domingo R$ 50
Duração: 80 minutos
Classificação Etária: 12 anos
Gênero: Comédia dramática
Temporada: até 28 de agosto