Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Elias Andreto deu os mais perfumados incensos para que sua Jocasta exalasse intensa feminilidade. Quem encarna a personagem e cuida para que o público que se dirige ao Teatro Eva Hers, terças e quartas, saia consciente de que toda história sempre pode ser diferente se mudado o ponto de vista, é Débora Duboc.
Rainha, mãe, mulher, Jocasta, progenitora e esposa do rei Édipo, é personagem quase sem voz (falas) da conhecida tragédia de Sófocles, Rei Édipo, e, “coadjuvante da tragédia alheia”, sobe do domínio de Hades para protagonizar a sua própria desventura.
A dramaturgia inspirada de Elias Andreato encontrou na atriz Débora Duboc musa inspiradora, entregue com visceral paixão à Jocasta. O intimismo minimalista, também, obtido graças à proximidade proporcionada pelo Teatro Eva Herz, traz a mãe-esposa de Édipo narrando sua história de maneira direta e objetiva, com canções originais cantadas pela atriz que, antes de ilustrar o que se passa, são o desenrolar da ação de forma bastante poética, muito adequado a uma mulher que não pode verbalizar as densas sensações que vive.
A concepção direta e apaixonada do espetáculo pode dar a falsa impressão que a simplicidade do espetáculo não tenha objetivos simbólicos, mas dentro dessa performise, termo utilizado pelo teórico francês Patrice Pavis que, aqui, utilizamos no sentido de que a delicadeza da encenação se confunde como uma performance não dirigida, mas a subjetividade de direito exclusivo do espectador tece suas próprias leituras do que vê.

Débora Duboc é senhora de seus instrumentos de trabalho, seu corpo é transmissor de códigos que vão desde a sensualidade erótica ao comportamento de quem é manipulada, feito ventríloquo, pelos deuses, donos de seu destino. Sua dicção é clara, de maneira que não perdemos nada da poesia do texto.
A cenografia de Fábio Namatame com fios que circundam a cena como se o destino estivesse a tudo manipulando, impiedoso, segue a delicadeza minimalista da concepção de Jocasta tendo poucos elementos cênicos, mas com a magnificência do palácio real como a poltrona real de prata e a linda ânfora prateada que utiliza para as libações para Afrodite, com o intuito de fazer o rei Laio esquecer Crisipo, seu amante morto, e procura-la na cama. Assim o é na luz criada por Alessandra Marques e Wagner Freire: um jorro de delicadeza minimalista.
O figurino criado por Fause Haten, uma belíssima túnica azul claearessalta a beleza da atriz e evoca toda a sensualidade e feminilidade da personagem.
expectativas.
Ficha Técnica:
Texto e Direção: Elias Andreato
Com: Debora Duboc
Música Original: Daniel Maia e Jonatan Harold
Figurino: Fause Haten
Espaço Cênico: Fábio Namatame
Iluminação: Wagner Freire
Diretor Assistente: André Acioli
Logo: Elifas Andreato
Programação Visual: Denise Bacellar
Fotos: Vicente e Lu Costa
Realização: Signorini Produções & Companhia Trimitraco Ltda.
JOCASTA
TEATRO EVA HERZ
Livraria Cultura – Conjunto Nacional
Avenida Paulista, 2.073 – Bela Vista
Bilheteria: 3170-4059 / www.teatroevaherz.com.br
Terça a sábado, das 14h às 21h. Domingos das 12h às 19h. Formas de Pagamento: Dinheiro / Cartões de débito – Visa Electron e Redeshop / Cartões de crédito – Amex, Visa, Mastercard, Dinners e Hipecard. Não aceita cheque.
Vendas: www.ingresso.com e 4003-2330
Terças e Quartas às 21h
Ingressos: R$ 40
*No feriado do dia 20 de novembro a sessão será às 19h*
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Estreia dia 30 de outubro
Temporada: até 11de dezembro