Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (Michel@aplausobrasil.com)

CURITIBA – Um jogo em que o lado do capital – em Contrações, de Mike Bartlett, expresso na figura de uma Gerente de Recursos Humanos (Yara Novaes) que zela pela total execução da política da empresa -, sempre tem os argumentos para sustentar sua supremacia em relação a seu subalterno – Ema (Débora Falabella) -, ganha na montagem dirigida por Grace Passô, interpretações eletrizantes, em que as emoções são tão bem dispostas e controladas que acabam por integrar o espectador na ação.
O que parece ser explicado, enquanto forma espetacular como filiado à chave naturalista, pelo menos à primeira vista, revela-se um poderoso e nauseante jogo entre o poder controlador – como o Big Brother (não confundir com o lixo global), de George Orwell – de uma empresa sobre a vida de seus funcionários ,em que o humano é descartado em favor do triunfo do capital.

Os interesses da manutenção da eficiente produtividade dos funcionários, segundo cláusulas contratuais rigorosas e absurdas, justificam atitudes improváveis da empresa.
O que potencializa o efeito da montagem é a simplicidade, a contenção e controle com que a direção e as intérpretes vivenciam situações de alta voltagem emocional. Assim, é o público que sente as humilhações abusivas do poder, que é o mesmo em que está inserido, e é ele quem poderá dar um basta nisso.
Enfim, Contrações, é essencial e primoroso.
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*Michel Fernandes viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba