São Paulo: Penso que nós, artistas, escolhemos a peça também de acordo com o tempo em que vivemos. Duas mulheres obrigadas a deixar o lugar, separando os pertences, para ir embora. Nos dias de hoje, o que fazer?… Embrulhar tudo e partir?… Continuar? Desistir?…
Acompanho a trajetória do grupo Teatro Por Um Triz, e quando assisti ao espetáculo Elisa e os Cisnes Selvagens fiz um paralelo sobre os dias que nos tocam viver, na perspectiva dos artistas. O que fazer com nossa arte-profissão? A persistência e o fortalecimento dos laços entre os irmãos de caminho é um bom começo para que continuemos sem perder a ternura.
Baseada em Hans Christian Andersen, a peça é uma livre adaptação do conto de fadas Os Cisnes Selvagens e fala sobre todas essas questões de persistência, união e carinho – talvez as ideias mais importantes do trabalho para as crianças e os adultos com um olhar para o futuro.
O grupo nos conta que a personagem Elisa tem um forte traço de personalidade: a persistência. Ela não se entrega frente a uma situação injusta, mas se propõe a buscar uma mudança de sua realidade. Graças a essa perseverança, ela consegue reencontrar seus irmãos e descobre que eles sofreram um encantamento que os transformou em cisnes.
Elisa mostra outros aspectos existentes na relação entre irmãos: o de cooperação e de fortalecimento dos laços fraternos, que fazem todos optarem por ficar juntos novamente. Unidos, eles buscam soluções para seus problemas, mas é Elisa quem descobrirá uma forma de desfazer o feitiço.
A encenação utiliza a linguagem do teatro de papel, explorando técnicas como pop-ups, bonecos bi e tridimensionais, origami, kirigami, sombras, entre outras formas, pesquisando as diversas possibilidades que o papel oferece.
Tudo bem conceituado. A direção artística é impecável, atraente e envolvente. O diretor Péricles Raggio acompanha o bom desempenho e toda a encenação. Marcia Nunes e Andreza Domingues são atrizes experientes que dão vida a cada boneco, encantando com suas performances.
Vale a pena acompanhar o grupo que não desiste e persiste – porque são artistas e nós, artistas ou não, temos no caminho os sonhos que levamos, e isso nos ilumina nos dias bons ou ruins.
Temporada: de 1 a 30 de setembro de 2018
Quando: Sábados e domingos, às 16h. Dia 1 de setembro haverá apresentação com tradução em libras
Local: Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295, Lapa-SP
Informações: (11) 3864-4513
Ingressos: Espetáculo gratuito. Retirar o ingresso uma hora antes da peça
Duração: 50 minutos.
Classificação: livre

Pamela Duncan www.pameladuncan.art.br (pameladuncandiretora@gmail.com)