Kyra Piscitelli, do Apaluso Brasil (kyra@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – Duas obras brasileiras: O Espelho, de Machado de Assis (integrante de Papéis Avulsos, publicado em 1882), e O Espelho, de Guimarães Rosa (publicado em 1962, integrando seu livro Primeiras Estórias). Por coincidência – ou não- a mesma temática com abordagens diferentes. O Brasil em distintas épocas, com semelhanças e diferenças. No centro a identidade e o que nos forma – no ego e no social. É junção desses clássicos, que o ator Ney Piacentini, dirigido por Vivien Buckup levam para sala sete da Oficina Cultural Oswald de Andrade, com entrada franca, até 19 de novembro.
Espelhos oferece ao público a oportunidade de acompanhar e refletir sobre as duas narrativas, em uma leitura dramática: em um tom professoral. Ao entrar na sala, a plateia visita um ambiente intimista e levemente decorado para que todos se sintam em outra época. Lustres com velas, uma velha escrivaninha, cortinas e até uma cartola fazem parte do ambiente completado pelo desenho de luz. Tanto cenário como a iluminação são assinados por Marisa Bentivegna. A sensação é que a sutileza dada aos dois elementos converge para uma cena focada na narrativa.
O figurino assinado por Fabio Namatame e a criação de som de Miguel Caldas vão pelo mesmo caminho: a descrição. Tudo para que o público, em Espelhos, possa viajar pelas palavras dos dois contos, ditas cuidadosamente por Ney Piacentini. Hora lidos (com o livro em mãos), hora interpretados – sempre em tom de conversa com a plateia – a história de Machado vem primeiro. A transição para a obra de Guimarães é feita de forma suave, quase imperceptível, como se as narrativas se fundissem para, aos poucos, perceber-se a mudança.
Em um espaço tipicamente brasileiro, um canto à literatura e ao inconfessável do homem universal – a nossa exposição às influências e ao mundo externo a nós. Ao que levamos de fora para nosso interior. Espelhos é um passeio em uma biblioteca das imperdíveis reflexões guardadas nas estantes do país.
Ficha técnica
Textos: Machado de Assis e Guimarães Rosa
Interpretação: Ney Piacentini
Direção: Vivien Buckup
Assistência de direção: Aline Meyer
Figurino: Fábio Namatame
Cenário e iluminação: Marisa Bentivegna.
Preparação vocal: Mônica Montenegro
Criação de som: Miguel Caldas
Direção de produção e administração: Maurício Inafre
Programação visual: Regilson Feliciano
Fotografia: João Caldas
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Apoio: Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo.
Serviço
Espetáculo: Espelhos
Estreia: 20 de outubro. Quinta-feira, às 20h
Oficina Cultural Oswald de Andrade (Sala 7)
Rua Três Rios, 363 Bom Retiro/SP. Tel: (11) 32215558
Temporada: quintas e sextas (às 20h) e sábados (às 18h) – Até 19/11
Ingressos: Grátis (devem ser retirados 2h antes das sessões)
Duração: 50 min. Gênero: Drama. Classificação: 14 anos
Capacidade: 45 lugares. Não possui acessibilidade.