Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – Capitaneada pelo ator, autor, diretor e ativista cultural José Celso Martinez Corrêa, o Oficina Uzyna Uzona firma-se, em Cacilda!!! Glória do TBC – Capítulo 1, como companhia que traz uma maneira diferente de interpretar, uma naturalidade espontânea apaixonada e apaixonante, fundindo a entrega visceral da performance ao domínio lógico daquele que sabe utilizar as ferramentas do jogo cênico.
A busca pela naturalidade espontânea é objeto de pesquisa do Oficina desde os idos 1970, quando criou, em Gracias Señor, o TeAt(r)o como tentativa de fugir do modelo tradicional de interpretação, atando, ou criando um vínculo indissociável, entre plateia e artista. À despeito do êxito das experiências anteriores, na pentalogia Os Sertões esse vínculo plateia/ atuadores parecia se estreitar, mas é na terceira parte de Cacilda que se vislumbra uma escola diferenciada de interpretação de incontestável qualidade. O que se faz ainda mais especial em se tratando de uma maxi-série teatral que narra a vida/ carreira do mito dos nossos palcos: a atriz Cacilda Becker.

No papel-título duas veteranas da fase Uzyna Uzona do Oficina, Camila Mota e Sylvia Prado, respectivamente representando Cacilda no primeiro e segundo ato, garantem o êxito da experiência. As atrizes foram forjadas em matéria natural e espontânea e criam um raro vínculo com seus espectadores, que se tornam cúmplices, interlocutores que completam, por meio da mensagem enunciada pelo texto, a dramaturgia da peça que, ao mesmo tempo, remonta cenas vividas, quiçá imaginadas, pela atriz e conexões, que incitam reflexões, com fatos atuais.
Além das atrizes citadas, o ator Fred Steffen, só para citar um veterano, tem performance notável, totalmente entregue feito apaixonado pelo ofício que representa, destemendo riscos – reais – quando, por exemplo, se atira duma daquelas cordas que artistas circenses utilizam para suas evoluções.
Ainda relacionado à matéria-prima do teatro que é a arte da representação, Zé Celso aposta na coralidade, ou seja, grande parte do elenco atua em conjunto, representando camadas coletivas da sociedade como a “classe artística”, os “estudantes”, confirmando a vocação do Oficina Uzyna Uzona em privilegiar o coletivo de artistas que congrega. Não há estrelas, não há os de maior ou menor grandeza; todas as peças assumem igual importância nessa engrenagem teatral.

A música por exemplo, executada ao vivo e por artistas de reconhecido talento, tem papel fundamental na sutura dessa dramaturgia que vai além dos fatos cronológicos sem, no entanto, desprezá-los, mas convoca o espectador à reflexão da História por meio da Analogia entre o que houve no passado e o que há no presente. Como as songs brechtianas, ou os ditirambos da tragédia grega, as canções em Cacilda!!! não são incidentais ou ilustrativas, mas parte da dramaturgia, auxiliando na evolução do texto e convocando nossa atenção ao que se diz.
A direção assinada em conjunto por José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond deixa evidente o trabalho de equipe permitindo pluralidade entre vídeo, música, corporalidade apurada e utilização de todos os espaços da sede da Jaceguai.
Bela homenagem à Ruth Escobar
Figura marcante na vida de Cacilda, sobretudo no final dos anos 1960 em que Becker presidiu Comissão Nacional de Teatro, a atriz e produtora Ruth Escobar foi vivida pela atriz Camila Mota no segundo ato da peça e recebeu justa homenagem: a atriz Sylvia Prado, intérprete de Cacilda, pediu uma salva de palmas para Ruth, importante figura da História do Teatro.
Entre seus inúmeros feitos, estão a vinda do diretor argentino Victor Garcia e as produções de Cemitério de Automóveis, de Fernando Arrabal, e O Balcão, de Jean Genet, para a qual demoliu o interior do teatro construindo uma plateia móvel que circundava o espaço espiralado em que os atores representavam, além de produzir o Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac), realizado em São Paulo, que permitiu aos espectadores contato com o teatro do mundo todo.
“Meu teatro são todos os teatros”
A célebre frase de Cacilda Becker não se trata apenas de slogan de efeito, a atriz se posicionava sempre em conformidade com sua classe, a classe artística. O que é evidenciado na querela das devoluções do Prêmio Saci, em 1968, embora contrária à atitude, acatou a maioria dos artistas devolvendo ao jornal Estado de São Paulo, que concedia o prêmio, o qual era considerado favorável à censura, devido a um editorial dúbio.
Para participar desta celebração você tem até domingo (1º), vai perder?
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e Direção: José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond
Conselheira Poeta: Catherine Hirsch
Direção Musical: Felipe Botelho
Coordenação de projetos: Ana Rúbia Melo
Atores da Cia Oficina Uzyna Uzona e Universidade Antropófaga:
1º ATO
Camila Mota……………………………….CACILDA
Zé Celso…………………………………… ZAMPARI
Marcelo Drummond……………………..WALMOR
Roderick Himeros………………………. CELLI
Letícia Coura…………………………….. MARIA JOSÉ DECARVALHO, MADALENA NICOL
Vera Valdez………………………………. MADAMEMORINEAU, VERA VALDEZ
Acauã Sol…………………………………. ABILIO PEREIRADE ALMEIDA
Carolina Castanho……………………….NYDIA LICIA,EDITH PIAF
Nana Carneiro da Cunha……………….FIFIASSUNÇÃO
Juliana Perdigão………………………… MADAMEBURGUESIA
Ingrid Xavier………………………………CAMAREIRAZORAIDE
Tony Reis……………………………….. TIA THELMAMARTÍRIO, CATHERINE DURAN
Danielle Rosa …………………………….SEREIA, SARITAMONTIEL
Liz Reis…………..………………………. CARMEMIMPUDENTE, RITA HAYWORTH
Glauber Amaral…………………………..BOY, ALDO
Rodolfo Dias Paes…………………………ALFREDOMESQUITA, TITO
Giuliano Ferrari ………………………….. RINO LEVI
Fred Steffen ………………………………. BILL, MAURÍCIO, ANSELMO DUARTE
Nash Laila………………………………….. CLEYDE,ISAURINHA GARCIA
Bruno Nogueira………………………… JOE KANTOR
Alessandro Leivas………………………. HELIOPONTO,GANIMEDES, ÉRICO VERÍSSIMO, REPÓRTER GMAGAZINE
Marcelo Finimundi……………………… VACCARINI,ADONIRAN BARBOSA
Beto Mettig……………………………….. ASSESSOR DEIMPRENSA
Ana Hartmann…………………………… NOÊMIA MOURÃO, JACQUELINE FRANCOIS
Carolina Henriques ……………………. ASSESSORADO ASSESSOR
Tiago Ramos…………………………….. PIERRE BALMAN
Lucas Andrade ……………………….. ARLEQUIM
Maurício Rafael ……………………….. NAT KING COLE
Sylvia Prado ……………………………. CACILDA 2º ATO
Ian ………………………………………… BEBÊ CUCA
2º ATO
Sylvia Prado …………………………….. CACILDABECKER
Camila Mota…………………………… RUTH ESCOBAR
Marcelo Drummond ………………….ZIMBA LEPIC,WALMOR CHAGAS
Nash Laila………………………………. CACILDA PEGAFOGO
Ana Hartmann………………………….CLEYDE ROSA,ELIZABETH, PRESIDENTE CONDEPHAAT, HEBE
Leticia Coura…………………………. MÃE CARRAR,MARILDA BENZINHO, CONCEIÇÃO DA COSTANEVES
Glauber Amaral……………………… RUGGERO, BRÁULIO PEDROSO, TUPY SAMURAI
Beto Mettig …………………………… DÉCIO DEALMEIDA PRADO, AURELIO CAMPOS
Zé Celso………………………………. MICHEL SIMON
Fred Steffen ………………………… CARLÃOMESQUITA, SAMUKA
Roderick Himeros ……………….. ROBESPIERRE
Ingrid Xavier…………………………..CAMAREIRAZORAIDE
Danielle Rosa ………………………..LIANA DUVAL,ASSESSORA DO ASSESSOR, BETTY
Rodolfo Dias Paes …………………. CREONTE,TIMONEIRO STALIN
Carolina Castanho ………………… SILVINHAWERNECK
Acauã Sol………………………………. LUCA
Tony Reis …………………………….. TOURO, PM DECREONTE
Lucas Andrade ………………………. EDSON LUIS,CAETANO VELOSO
Marcelo Finimundi ………………… FERNANDINHOMACKENZIE, PM DE CREONTE
Carolina Henriques …………………. GAL COSTA
Liz Reis……………………………………CARMEN SUELI, ÍTALA NANDI
Alessandro Ubirajara ………………. ZUBEIDE
Bruno Nogueira ……………………….PM DE CREONTE
Tiago Ramos …………………………. PM DE CREONTE
Giuliano Ferrari………………………….REI MOMO
Nana Carneiro da Cunha…………….. JULIANA – APROTAGONISTA
Adriano Salhab…………………………. ORFEU – OVIOLONISTA
Carina Carina Iglecias ……………….. CANTORA DOHAITI
Banda Oficina: Adriano Salhab (guitarra e viola), Carina Iglecias (percussão), Felipe Botelho (direção musical, baixo elétrico, baixo acústico e sintetizador), Giuliano Ferrari (piano), Juliana Perdigão (saxofone, clarinete, clarone e flauta), Letícia Coura (cavaquinho), Nana Carneiro da Cunha (violoncelo) e Pedro Gongom Manesco (bateria).
Arquitetura cênica: Carila Matzenbacher e Marília Gallmeister
Direção de Cena: Otto Barros
Contrarregra: Lucas Cruz
Figurinos e adereços: Sônia Ushiyama Souto (figurinista da Cia. Oficina Uzyna Uzona), Didi Rezende, Simone Pokropp e Júnior Guarnieri (figurinistas das personagens Fifi Assunção, Madalena Nicol, Nidia Licia Pincherle, Adolfo Celli, Tia Thelma, Burguesia Madame Aranha, Maria Jose de Carvalho, Senhora Carmem Impudente, Sarita Montiel e Cacilda EAD), Cida Melo (Cacilda Estragon, Esperando Godot), Olintho Malaquias (Cacilda Carmen, Cacilda Sally, Rainha TV Bandeirantes), Camila Mota (Ruth Escobar, Cacilda Sally), Joana Porto (Casaco Floradas na Serra) Caio da Rocha (Casaco Floradas na Serra, Cacilda 68, Cacilda Presidente da CET, Rainha TV Bandeirantes), Lina Bo Bardi (Cacilda 68).
Assistente de figurino: Nathalia Zemel
Camareira: Cida Melo
Maquiagem e Cabelo: Amanda Mirage
Assistente de maquiagem: Patrícia Boníssima
Iluminação: Renato Banti
Assistente de iluminação: Victor Fonseca
Operação de foco móvel: Daniel Camillo e Victor Fonseca
Efeitos especiais de luz: Fabio Stasiak – Leds Life
Coordenação web: Tommy Pietra
Assistência Web: Andréa Martins
Kinoatuadores: Ivan Vinagre e Igor Marotti
Câmeras: Diego Arvate e Igor Marotti
Tradução: Ana Hartmann
Fotografia: Jennifer Glass
Arte gráfica: Meli Melo
Assessoria de Imprensa: Beto Mettig
Engenharia de Som: Rodolfo Yadoya
Técnico de som: Leandro Costa
Sonoplastia: DJ Jean Carlos
Microfonista: Carolina Defino
Preparação Vocal: Letícia Coura e Carolina Henriques
Preparação Corporal: Joana Levi
Produção Executiva: Ângela Destro
Assistente de Produção: Anderson PuchettAdministração: Carlos Domingues
Conservação e limpeza do espaço: Flávio dos Santos e Roseli Ferreira
SERVIÇO
Direção e Dramaturgia: José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond
Local: Teat®o Oficina – Rua Jaceguai, 520 – São Paulo. Tel: 11. 3106-2818.
Estreia paulista: 16 de Agosto de 2013, 19h
Temporada: De 16 de agosto a 01 de setembro, sempre às sextas, às 19h, e aos sábados e domingos, às 18h. Sessão extra no dia 2 de setembro, segunda-feira, 19h
Ingressos: R$ 20,00 (valor da inteira, às sextas-feiras), R$ 40,00 (valor da inteira, aos sábados e domingos) e R$ 5,00 (todos os dias, para moradores do Bixiga, mediante comprovação de residência). Meia-entrada válida para estudantes, idosos, artistas e cartão Petrobras. Venda na bilheteria do Teatro Oficina, uma hora antes de cada sessão
Capacidade: 300 lugares
Duração: 4h30, com intervalo de 20 minutos
Indicação etária: 14 anos
Transmissão ao vivo pelo site www.teatroficina.com.br
Gênero: Musical. Uma Ópera de Carnaval Eletrokandomblaica Tragicomicorgiástica: as montagens do Oficina Uzyna Uzona trabalham com a transversalidade de todas as artes: audiovisual se mistura à música, à dança e às artes-plásticas para criar e difundir uma Obra de Arte Total
OBS: O Nick Bar funcionará na área externa do Teat®o Oficina antes, no intervalo e após as sessões, com serviço de alimentos e bebidas