
Kyra Piscitelli, do Aplauso Brasil (kyra@aplausobrasil.com.br)
SÃO PAULO – O espetáculo Amarelo Distante propõe colocar o público em contato com as angústias e um lado menos conhecido de Caio Fernando Abreu. Cidadão do mundo, a obra do escritor é também fruto do que ele viu e viveu em várias cidades do mundo. E no caso, o recorte escolhido para a peça é o exílio nos anos 1970, em Londres.
Baseado em dois contos de Abreu (Lixo e Purpurina e Anotações sobre um amor urbano), a montagem, que entrou em cartaz na sala experimental do teatro Augusta, no aniversário de 20 anos de morte do escritor e está na reta final, consegue passar a ideia de claustrofobia e solidão que as palavras do texto transmitem.
A dramaturgia e direção de Kiko Rieser potencializa no solo de Mateus Monteiro a força da palavra. Vestido com um sobretudo quente em conjunto com a luz e a música, o clima de Londres é passado ao público.
Com o palco sob neblina, o público é guiado pelo ator que se movimenta e troca olhares com a plateia, colocando todos dentro de cena – quase como parte desse inconsciente revelado entre a solidão, a saudade e a sensação de estrangeirismo, que todos nós já experimentamos estando fora ou dentro de nosso local de origem.
Amarelo Distante é um texto que trata das nossas sensações particulares e únicas. Com figurino de Cassio Brasil, iluminação de Karine Spuri e trilha sonora de Vanessa Bumagny, o espetáculo, em seu todo, cai bem para o teatro intimista em que está em cartaz. Com o conjunto cuidadoso, o espetáculo trabalha o universalismo dentro a partir de uma história real de alguém conhecido do público.
Quantas vezes não recorremos nas lembranças do passado e na esperança do futuro para apagar as sensações e atos do presente? É essa reflexão que Rieser e Monteiro conseguem produzir no palco e fazer de Amarelo Distante uma peça interessante para o nosso autoconhecimento.
FICHA TÉCNICA
Texto: Kiko Rieser, baseado em contos de Caio Fernando Abreu
Direção: Kiko Rieser
Elenco: Mateus Monteiro
Figurino e ambientação cenográfica: Cássio Brasil
Iluminação: Karine Spuri
Trilha sonora: Vanessa Bumagny
Fotografia: Heloísa Bortz
Arte gráfica: David Schumaker
Assessoria de imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)
Produção: Kiko Rieser
Co-produção: Mateus Monteiro
Realização: Rieser Produções Artísticas
SERVIÇO
Teatro Augusta – Sala Experimental
De 25 de fevereiro a 28 de abril
(Pré-estreia fechada: 24/02)
Quartas e quintas, 21h
Lotação: 50 pessoas
Duração: 65 min
Indicação etária: 14 anos
Ingressos: R$ 40