Afonso Gentil, para o Aplauso Brasil (redacao@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – O período é longo, prepare-se: quem viu O Mágico de Oz, o filme que há 75 anos vem encantando gerações com a história cantante da menina que “foge” da fazenda em que vivia com a parentela toda para fazer amizade, sucessivamente, com um Espantalho sedento de andanças pelo horror de se ver queimado; um Homem de Lata carente de lubrificante para usufruir a liberdade das estradas; e um Leão Covarde, por isso mesmo necessitado de autoestima para se livrar do vergonhoso estigma, todos rumo à Terra de Oz, o paraíso imaginado pelas pequenas vitimas da solidão, pois é, quem pensa que com o filme já viu ou ouviu tudo em matéria de anseios infantis, pode acrescentar uma outra experiência similar, Chovendo na Roseira, pelo mergulho certeiro no universo onírico do sonho e que até 14 de setembro fez meteórica carreira no palco do SESC Belenzinho. Agora deverá fazer bonito no Alfa B, onde está em cartaz desde domingo: um motocontínuo de sons e movimentos na linguagem onomatopeica das crianças, bem à maneira que a mítica autora de infantis Tatiana Belinky defendia.
Na condição de um não tão novo, mas ainda novo, fenômeno no despovoado campo da direção musical do teatro paulista dramático, Fernanda Maia vem acumulando prêmios feito um Vladimir Capella de saias, catapultando o teatro infantil com suas direções musicais ao patamar dos que defendem a tese que “teatro infantil é igual ao adulto, só que tem de ser melhor” (as crianças tem um senso crítico barulhento e instantâneo), temos que louvar aos deuses do teatro pela convivência com uma figura que após os prêmios ganhos conserva – como se costuma falar – “a simplicidade dos sábios”, tão necessária num ambiente que prima – como um todo – pela imodéstia do seu povo.

Fernanda Maia tem o mérito da formação lenta e gradual, tendo como mestres, entre outros, Gilberto Tinetti na música e, no teatro, parceiros que fazem do Grupo Tapa o melhor do Brasil como formador de atores e diretores. Mas, a associação mais duradoura, simbiótica mesmo, desde 1996, tem sido com Zé Henrique de Paula, o diretor de tantos sucessos recentes, figura de obrigatória menção entre os melhores encenadores, feito Antunes Filho e Eduardo Tolentino de Araujo. Ou entre os mais novos como Rudifram Pompeo e o Marco Antonio Pâmio de Assim é (se lhe parece). Aqui Zé Henrique é o responsável pelos figurinos e cenários que caminham de mãos dadas com a pulsação da história e a visão onírica da diretora.

Outro trunfo indiscutível é a versatilidade do elenco para o canto, a dança e até numa incrível aula de percussão com “instrumentos” artesanais, para o que teve o apoio da diretora e dos excelentes músicos; um dos pontos altos do esperto roteiro da própria Fernanda, que acumula também direção e direção musical, tudo com transbordante criatividade.
É justo, pois, registrar as presenças de Helena Ritto, Luciana Ramanzini, Caio Salay e Jonathan Faria, transitando todos (menos a menina, ótima em sua individualidade) por vários personagens dessa história que usa o sonho como fuga (ou o encontro?) da realidade enfrentada pelas novas gerações, tal como a Dorothy hollywoodiana.
crédito fotos: gutierrez
CHOVENDO NA ROSEIRA, musical infantil de Fernanda Maia.
Teatro Alfa B – rua Bento Branco de Andrade Filho,722, Jardim Dom Bosco –região sul. – telefone 5693-4000 -195 lugares –Sábado e domingo às 16 horas –Ingr. R$ 15, e 30, – Não recomendado para menores de 4 anos – Até 29 de março –
Valet R$ 30, /