Luís Francisco Wasilewski, do Aplauso Brasil (lfw@gmail.com)

SÃO PAULO – Sempre fui apaixonado por vaudevilles. Tenho uma enorme admiração por Georges Feydeau, Ray Cooney e John Chapman, bem como Jandira Martini e Marcos Caruso. Sou fascinado pela capacidade destes dramaturgos em dominar de forma matemática as entradas e saídas de uma personagem em uma peça. Quem visitar a capital paulistana terá a oportunidade de assistir a um ótimo exemplar do gênero. O Que o Mordomo Viu!, de Joe Orton trabalha com os temas e os códigos do vaudeville: A suspeita de adultério, as trocas de identidade e, por conseguinte, as confusões causadas por elas. Miguel Falabella adaptou, dirigiu e protagoniza a peça de Orton.
Como Falabella é um excelente comediógrafo, soube aclimatar muito bem para o universo brasileiro o texto inglês. Sua adaptação mantém o ritmo ágil do texto original e conserva a crítica aos costumes da sociedade burguesa.
Miguel Falabella e Marisa Orth interpretam o casal protagonista da trama. Não é preciso comentar da afinidade da dupla em cena. Os seis anos em que os dois atuaram no humorístico Sai de Baixo(que era representado no mesmo Teatro Procópio Ferreira, onde a peça é apresentada) já mostraram como os dois intérpretes trabalham em perfeita sintonia.
O elenco que os circunda colabora na manutenção da agilidade necessária para a trama. Alessandra Verney, Marcelo Picchi, Ubiracy Paraná do Brasil e Magno Bandarz criam tipos hilários para a peça.
Tudo funciona com precisão em O Que o Mordomo Viu!. Do elegante cenário criado por José Dias, que reproduz a clínica psiquiátrica do Dr. Arnaldo, até a ótima trilha sonora de Leandro Lapagesse.
È hilariante, mas preservando a acidez do original de Orton, consegue ser uma bela crítica ao moralismo.