Luís Francisco Wasilewski, do Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Já escrevi sobre isto no Aplauso Brasil. Desde 1998 eu persigo Wilson de Santos. Foi quando o assisti no musical Noviças Rebeldes, da Companhia Baiana de Patifaria .Fiquei em estado de encanto por este ator cômico, um autêntico revisteiro que possui como poucos o dom de fazer rir e ao mesmo tempo interagir(sem ser agressivo) com a plateia.
A partir de então sempre que Wilson está com um espetáculo em cartaz eu corro para assistir. Foi assim, há poucas semanas, quando fui ao Teatro Renaissance assistir Bette Davis e Eu e Wilson novamente me surpreendeu. Não está em cena o ator de humor desabrido, que interage e provoca a plateia. Temos ali, naquele palco, um ator que construiu uma interpretação histórica do mito cinematográfico Bette Davis. Some aquele humor escrachado, tão típico de suas atuações, para aparecer a ironia fina e mordaz de Bette.
A recriação que ele fez da grande estrela cinematográfica nos remete a outras representações históricas de grandes artistas em montagens brasileiras, como a que Diogo Vilela fez de Cauby Peixoto ou então a de Stella Miranda para Carmen Miranda.

O texto foi escrito por Elizabeth Fuller. Ele é calcado em uma experiência que a escritora vivenciou em 1985, a saber, a de receber por um mês em sua casa Bette Davis. Fuller a partir deste fantástico acontecimento concebeu a dramaturgia do texto, que a mostra às voltas com Bette neste insólito período.
Coube a Flávia Garrafa se desdobrar nos papéis de Fuller e de seu marido na montagem brasileira. E ela também o faz com brilhantismo.
Alexandre Reinecke sabe conduzir de forma inteligente a direção desses dois grandes atores.
Durante os 90 minutos do espetáculo o público conhece a fantástica personalidade da diva. Suas famosas brigas, como a com a atriz Joan Crawford que contracenou com ela no antológico O Que Terá Acontecido a Baby Jane? são rememoradas. O mau humor e o sarcasmo de Bette também aparecem ao falar de outros artistas cinematográficos como Paul Newman.
São também merecedores de destaque o ótimo cenário de Theodoro Cochrane e os lindos figurinos de Fábio Namatame para a encenação.
Bette Davis E Eu encerra esta semana sua temporada no Renaissance. Por isso, corra. È uma oportunidade rara de se assistir a um grande ator em um grande espetáculo.
Bette Davis e eu. Até 30 de Junho, Sextas às 21h30, Sábados às 21h e Domingos às 18h. Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233. Cerqueira César. Tel. 11 3188- 4151. R$ 60 e R$ 70.