Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)
CANNES (FR) – O quarto trabalho do premiado cineasta Elder Fraga, Os Bons Parceiros, que estreou em março nas telas de São Paulo, inicia sua carreira internacional representando o Brasil no cultuado Festival de Cannes, na Short Film Corner, uma das mostras paralelas do evento.
No livro de contos Nas Quebradas do Mundaréu, do santista Plínio Marcos (Navalha na Carne, Barrela, O Abajur Lilás, entre outras obras clássicas de nossa dramaturgia contemporânea), ao ler Os Bons Parceiros, um dos textos da obra citada, Elder disse ter vislumbrado o potencial cinematográfico da mesma.
O resultado é um curta cheio de cenas breves que promove um ritmo dinâmico. O filme apresenta recursos bastante inusitados: como o decalque dos nomes dos personagens na primeira cena de Os Bons Parceiros; as animações demarcando o território por onde o grupo de deliquentes, liderados por Fogueira (Luciano Quirino), perambulam pela cidade; uma trilha sonora que, antes de ser mero acompanhamento das cenas, é a representação fonográfica dos ruídos como os tiros disparados em cena.

Um dos grandes achados de Fraga é o tratamento à la Quentin Tarantino em Os Bons Parceiros tornando a violência um ato instintivo – a montagem frenética é bom exemplo disso – e patético – o bando não tem o mínimo de planejamento a respeito do que fará, portanto ser capturado é fado.
O Brasil está bem representado em Cannes e nós estamos na torcida.
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