
Maurício Mellone, para o site Favo do Mellone, parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)
Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Orã Figueiredo e Paulo Betti vivem os casais na peça de Yasmina Reza, com direção de Emílio Mello
Os paulistanos só têm os dois próximos finais de semana para assistir à peça Deus da Carnificina, Uma Comédia Sem Juízo, que fica no Teatro Vivo até o próximo dia 5. E não podem perder tempo: a procura por ingressos está intensa.
E tanta procura tem sua razão: a comédia da argelina radicada na França, Yasmina Reza (Arte, O Homem Inesperado, entre outros), é envolvente e disseca dois casais de classe média que marcam um encontro em razão da briga de seus filhos: um deles bateu com um pedaço de pau no outro, que teve dois dentes afetados.
O agressor é filho dos personagens de Julia Lemmertz e Paulo Betti, que vão à residência do agredido, filho dos personagens vividos por Deborah Evelyn e Orã Figueiredo.

No início, os quatro estão muito educados e civilizados: os anfitriões oferecem café, bolo e as visitas se mostram receptivas. No entanto, com o desenrolar da conversa e a tentativa de um acordo (os pais querem a reconciliação dos garotos), o verniz da civilidade se rompe e os casais mostram a verdadeira personalidade.
As discussões são acaloradas e violentas, tanto entre um casal e outro como entre os cônjuges. As máscaras caem e o público vê a verdadeira face de cada um deles. O café e bolo dão lugar ao conhaque e o grau etílico só ajuda as desavenças e discórdias.
A autora diz que a tensão é a matéria prima de sua obra: “Escrevo um teatro de tensões, pois elas nos governam. Meus personagens são pessoas educadas que pretendem manter a compostura. Mas como são também impulsivas, não conseguem manter as regras que impuseram a si mesmas. E é precisamente essa luta contra si mesmo que me interessa, confessa Yasmina.
Com a alteração de comportamento dos personagens, o espectador tem a chance de analisar o mesmo problema de vários ângulos e fazer uma reavaliação daqueles casais.
Com o cenário prático de Flavio Graff (uma bela mesa, com cadeiras e livros compõem a sala do casal anfitrião), o diretor Emílio Mello deu ênfase às nuances de interpretação e assim os atores têm espaço para criar. Julia emociona com a mãe protetora que vira uma leoa; Orã, depois que tira a máscara do personagem, revela o tosco comerciante e provoca ótimas gargalhadas. E o embate dos personagens de Deborah e Betti é hilário.
Roteiro:
Deus da Carnificina, uma comédia sem juízo. Texto: Yasmina Reza; tradução: Eloisa Ribeiro; direção: Emílio de Mello; elenco: Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Orã Figueiredo e Paulo Betti; cenário: Flávio Graff; figurino: Marília Carneiro; iluminação: Renato Machado. Música original e projeto de som: Marcelo Alonso Neves. Produção: Cinthya Graber e Nacho Laviaguerre
Serviço: Teatro Vivo, Av. Chucri Zaidan, nº 860, Morumbi, São Paulo. Dias e horários: Sexta às 21h30/ Sábado às 21h/ Domingo às 19h. Bilheteria: 3ª a 5ª feira das 14h às 20h/ 6ª a domingo das 14h até o início do espetáculo.
Ingressos: Sexta e domingo – R$ 50,00, sábado – R$ 70,00. Classificação etária: 14 anos. Duração: 1h30m. Serviço de valet. Temporada: até 05 de junho.