Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – A temporada teatral 2012 já tem data de retorno: dia 05 de janeiro, sexta-feira. Sucesso de público e crítica, Djin Sganzerla prorroga a temporada de O Belo Indiferente, escrita por um dos maiores artistas franceses de todos os tempos, Jean Cocteau, no Espaço Beta (3º andar) do SESC Consolação.
Escrita para a grande intérprete da música francesa, Édith Piaf, O Belo Indiferente é um monólogo com dois personagens: Ela e Ele. Ela fala e Ele se cala. Durante uma madrugada, uma cantora espera seu amor em um quarto de hotel. Luzes dos letreiros luminosos da rua iluminam a cena. Ela anda agitada, espreita pela janela, ouve os ruídos do elevador e os barulhos no corredor. Telefona a amigos comuns e nenhum vestígio dele.
O telefone toca. A irmã de Emilio, maliciosamente, quer saber se ele já chegou. A mulher, por orgulho, afirma que ele está no banho e não pode atender. Emilio, enfim, chega! Sem dizer uma palavra, anda pelo quarto, deita-se na cama e lê, tranqüilamente, seu jornal. Ela tenta por todos os meios atrair sua atenção, mas nenhuma estratégia é suficiente: ironia, raiva, sedução, confidências, denúncias, ameaças. Será que ele romperá essa indiferença silenciosa?Ela grita, chora, perfuma-se, ameaça-o com um sapato, despe-se furiosa, veste-se furiosa, acusa-o de mentir continuamente, de deixá-la só. Emilio calado. O telefone, de repente, toca novamente: uma de suas amantes quer falar com ele. Emilio não responde, não atende a ligação. Vitoriosa ela desliga o telefone e, tomada de amor, corre para os braços dele. E descobre que, atrás do jornal, Emilio dorme profundamente. Ao saber do telefonema, Emilio levanta-se, coloca o chapéu e sai.

A montagem, que representa a continuidade da parceria artística entre André Guerreiro Lopes e Djin Sganzerla, criadores do núcleo Lusco-Fusco de criação teatral.
Pouco encenada no Brasil, o Belo Indiferente ganhou nos anos 1980 e 1990 atuações marcantes como as de Helena Ignez e Maria Alice Vergueiro. A atriz Djin Sganzerla topou este desafio. Ao seu lado, no papel do belo enigmático e que não tem falas, está o ator Dirceu de Carvalho.
O diretor André Guerreiro Lopes adianta que na encenação de O Belo Indiferente é ressaltada a atemporalidade e dramaticidade poética do texto.
“Nestes tempos de saturação de telenovelas e reality shows, fugimos de um enfoque naturalista para retratar a situação de uma mulher em crise e seu amante num quarto de hotel. Ao invés de ‘trazer para os dias de hoje’, buscamos o que existe de profundamente humano neste amor obsessivo, em uma montagem que combine a veracidade emocional da atriz e desdobramentos de níveis metafóricos na encenação”, conta ele.
Para tanto o processo de criação teve como focos principais o trabalho de composição da atriz, contraste de estilos e teatralização na atuação do homem silencioso.
O BELO INDIFERENTE – Re-estreia dia 5 de janeiro, quinta-feira, às 21 horas, no Espaço Beta do SESC Consolação (3º andar). Autor – Jean Cocteau. Direção – André Guerreiro Lopes e Helena Ignez. Elenco – Djin Sganzerla e Dirceu de Carvalho. Cenografia e Figurinos – Simone Mina. Iluminação – Marcelo Lazzaratto. Concepção Sonora – Gregory Slivar. Criação da Vídeo-Instalação – André Guerreiro Lopes. Duração – 60 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 12 anos. Temporada – Quintas e sextas-feiras às 21 horas. Ingressos – R$ 10,00; R$ 5,00 (usuário matriculado, estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). Até 27 de janeiro. Sessões extras dias 18 e 25 de janeiro, quarta-feira, às 21 horas.
SESC CONSOLAÇÃO – Espaço Beta – Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque. Fone: (11) 3234-3000. Acesso para deficientes físicos. Bilheteria – De terça a sexta das 12h30 às 21 horas, sábados das 9 às 21 horas e domingos e feriados das 14 às 19 horas (ingressos à venda em todas as unidades do SESC). Capacidade do Espaço Beta – 56 lugares. www.sescsp.org.br