Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)

Incomodo até aos mais acostumados aos temas que envolvem algum tabu, que dirão os moralistas-de-plantão?, o novo longa-metragem, de Aluízio Abranches, Do Começo ao Fim, coloca na telona o incesto e um relacionamento gay como temas de fundo. À medida que notamos a ausência de conflitos, que direcionaria o filme ao realismo cotidiano, mais nos convencemos estar diante de um manifesto do cineasta para a celebração de temas tabus, para quase todos os círculos sociais, de maneira natural. No foco do discurso cinematográfico está o Amor.
A questão do Amor que cresce do simples afeto entre os meio-irmãos, Francisco e Thomas, a sua efetiva identidade sexual não ecoa em conflitos familiares e/ ou sociais o quê, por um lado foge do lugar-comum que uma dose de realismo acarretaria, isso porque temas como homossexualidade e, mais ainda, não são aceitos com tanta facilidade. A opção de Aluízio Abranches não é, sobremaneira, a discussão da sexualidade nem de qualquer ponto polêmico da estrutura social – se a intenção for essa, o roteiro se revela quebradiço e insatisfatório –, mas provocar o espectador pessimista, descrente das relações inter-pessoais, de que a única possibilidade de seu fracasso reside no próprio agente da relação.
Júlia Lemmertez na pele de Julieta, médica e mãe dos protagonistas, só precisa da câmera a focalizando enquanto olha aturdida os dois irmãos, “íntimos demais”, para deixar sua mais bela contribuição de Do Começo ao Fim.
Os irmãos Francisco (João Gabriel Vasconcellos) e Thomas (Lucas Cotrin) protagonizam o poético idílio amoroso desse filme que incomoda porque somos descrentes e pessimistas, pelo menos é o que penso. Ao deixar a sala do cinema em que vi Do Começo ao Fim saí com o real desejo de que o Amor, o Afeto, que anda tão distante de nossos dias, deixe sua máscara de utopia e ocupe a face da realidade.
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