Maurício Mellone, para o site Favo do Mellone, parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Inaugurando o horário das 21h de segundas e terças do Teatro FAAP, estreou, semana passada, o espetáculo Cruel, uma tradução e adaptação de Elias Andreato da peça Os Credores, de August Strindberg.
Nada como uma boa história bem contada. Desde a primeira cena o público é fisgado pela trama muito bem articulada do mestre da dramaturgia sueca e mundial. O casal, a traição e o sentimento de vingança: o clássico triângulo amoroso é a matéria prima do enredo de Strindberg.
Com um texto cortante e certeiro, o espectador logo toma conhecimento dos objetivos do vingativo Gustavo, interpretado por Reynaldo Gianecchini. Traído pela esposa Tekla (Maria Manoella), ele se faz passar por confidente do artista plástico Adolfo, vivido por Erik Marmo, atual marido da bela mulher. Aos poucos Gustavo ganha a confiança do inseguro pintor e o manipula, insuflando sentimentos de posse e ciúme, facilmente absorvidos pelo influenciável artista.
De forma maquiavélica, Gustavo arma a situação: pede para que o rival teste a esposa e fica à espreita. Ambos caem na armadilha e, depois do desentendimento entre eles, o ardiloso Gustavo entra em cena novamente; seduz a ex-esposa e o conflito chega ao ápice, para o desfecho trágico.

Andreato optou por cenas somente entre dois personagens; assim o jogo cênico fica mais dinâmico e os sentimentos de amor e ódio, amizade e aversão, desconfiança e paixão são evidenciados. A luta de ideias é acirrada:
‘Tenho esse projeto desde 1983, quando atuei em Senhorita Julia, do próprio Strindberg. Dali em diante li várias coisas dele e fiquei apaixonado por Os Credores. Preferi Cruel ao título original, porque combina mais com a peça, com os personagens e com o autor, em relação à observação do cotidiano da alma humana”, conta o diretor.
A trama se passa na época em que foi escrita, final do século 19, mas é extremamente atual, pois disseca questões cotidianas de um casal, como separação, traição, ciúme, sentimento de posse.
Além da direção precisa, o cenário e o figurino de Fábio Namatame são primordiais para o desenvolvimento da teia armada pelo autor. Gianecchini e Erik podem surpreender aquele desavisado que for buscar neles apenas os galãs da TV: ambos compõem seus personagens de forma densa e profunda. Manoella também está segura na pele da fogosa e sedutora escritora Tekla.
Fiquei embevecido com o envolvente texto de Strindberg, mas senti que o entrosamento entre os três em cena poderá se aperfeiçoar com o decorrer da temporada.
Fotos: João Caldas
Cruel, de August Strindberg
Direção e Adaptação: ELIAS ANDREATO
Elenco: REYNALDO GIANECCHINI, MARIA MANOELLA e ERIK MARMO
Cenário e Figurino: FÁBIO NAMATAME
Iluminação: WAGNER FREIRE
Trilha Sonora Composta: DANIEL MAIA
Direção de Arte: LAURA ANDREATO
Assistente de direção: ALINE MEYER
Preparação Corporal: VIVIEN BUCKUP
Preparação Vocal: EDI MONTECCHI
Fotos: JOÃO CALDAS
Programação Visual: VICKA SUAREZ
Produção Executiva: MAGALI LOPES
Coordenação de Produção: EGBERTO SIMÕES
Produtoras: SELMA MORENTE e CÉLIA FORTE
CRUEL
Teatro FAAP (506 lugares)
Rua Alagoas, 903 – Higienópolis.
Informações e Vendas: 3662.7233 e 3662.7234.
Bilheteria: de quarta à sábado, das 14h às 20h. Domingo das 14h às 17h.
Aceita cartão de débito e crédito: Visa, Máster ou Dinners. Não aceita cheque.
Estacionamento gratuito, com vagas limitadas. Acesso para deficiente. Ar-condicionado.
Segundas e Terças, às 21h.
Ingressos: R$ 40.
Duração: 70 minutos
Recomendação: 14 anos
Temporada: até 04 de outubro.