Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Entre as décadas de 1980 e 1990 esteve em montagens ontológicas do grupo Ornitorrinco como O Doente Imaginário e Sonho de Uma Noite de Verão, ambas dirigidas por Cacá Rosset, dirigiu Maria Alice Vergueiro em Medea, dirigiu e protagonizou Patty Difusa e, a partir das 18h de amanhã, no Auditório do SESC Pinheiros, assina a direção e interpreta o solo A Merda (La Merda), do italiano Cristian Ceresoli, texto inédito no país.
Tricerri dá vida à uma aspirante ao rol das celebridades, uma atriz jovem e feia que compartilha com o público seus anseios, ideais e sentimentos. A atriz conta mais sobre a trajetória da peça, sobre o fato de estar nua em cena, seus desejos depois dessa primeira temporada etc.

Aplauso Brasil – Como você chegou a esse texto e por que decidiu encená-lo?
Christiane Tricerri – Soube desse texto através de uma amiga ítalo-brasileira, que disse ser a minha cara. A partir daí fui atrás do autor no facebook e começamos a saga da tradução com Francisco Ancona. Foram meses, nos encontrando com o autor pelo SKYPE até chegarmos no texto em português.
AB – Em linhas gerais, qual o mote principal da história?
Christiane Tricerri – Uma fêmea, tenta chegar ao ” mundo que conta” de forma obstinada, e com fúria assassina, disposta a tudo para alcançar seu objetivo de tornar-se uma celebridade.
AB – Como é a crítica à sociedade de consumo e de que maneira você se apropria dela para fazer suas críticas?
Christiane Tricerri – Essa mulher quer ter a vida ideal, as coxas ideiais, a fama ideal, como que sabendo que é possível comprar isso tudo desde que esteja dentro do mundo que dita os valores, o mundo que detém a grana, o poder, a mídia. A personagem se apropria disso, superando o medo, o nojo e a moral.
AB – Qual o perigo da fama?
Christiane Tricerri – O mesmo perigo da vida. Estar, restar, resistir, persistir, ganhar e perder.
AB – Em espetáculos como O Doente Imaginário e Sonho de Uma Noite de Verão, citando os que assisti, você tinha cenas de nudez com que agia sem pudores. Como é estar nua em cena num solo?
Christiane Tricerri – O difícil aqui não é a nudez, mas o desnudar-se em público. Deixar que apareça a fragilidade da atriz por trás das máscaras. Encarar isso é perigoso. Como uma experiência em um tubo de ensaio. Pode a qualquer momento evaporar, ou em outro explodir.
AB – Além de estar só em cena você, também, assina a direção. Como foi o processo? A quem foi encarregado o olhar de fora?
Christiane Tricerri – Eu sabia que a primeira coisa a fazer era entender o texto em seu conteúdo e forma, na forma seria entender as palavras como em uma partitura musical. Portanto o treinar, treinar, treinar era o objetivo primeiro. Me cerquei de um maestro Marcello Amalfi, que trabalhou meu desenho vocal, de uma coordenadora de movimento, Monica Monteiro, que trabalhou o contrário da coordenação, ou seja, a descoordenação, e de uma assistente de direção, que trocava as sensações de palco comigo, Lianna Matheus.
AB – Depois dessa temporada, quais seus planos?
Christiane Tricerri –Viajar pelo interior de São Paulo e pelo Brasil, que nunca fiz com o Ornitorrinco. Com essa peça é possível, já que temos, apenas, um banquinho e um microfone.
Ficha Técnica:
Autor: Cristian Ceresoli
Direção e Interpretação de Christiane Tricerri
Baseado na criação original de Silvia Gallerano e Cristian Ceresoli
Texto: Cristian Ceresoli
Tradução: Francisco Ancona
Assistência de Direção: Lianna Matheus
Cenografia: Alvaro Egas e Viviane Tricerri
Desenho de Voz: Maestro Marcello Amalfi
Desenho de Corpo: Mônica Monteiro
Preparação Corporal: Nicolas Trevijano
Projeto Gráfico e Fotos: Gal Oppido
Visagismo: Raphael Cardoso
Desenho e Operação de Luz: Gita Govinda
Equalização e Operação de Som: Selma Dammenhain
Assessoria Internacional: Luciane André
Assessoria de Imprensa: Thiago Mariano
Assistência de Produção: Nicole Marangonino
Apresentado em acordo com Frida Kahlo Productions e Richard Jordan Productions
Direção de Produção Brasileira: Alexandre Brazil
Realização: SESC, Ficções e Escritório das Artes
Serviço
A Merda (La Merda)
Local: Auditório (3º andar) do Sesc Pinheiros
Estreia: 9 de julho (quinta, feriado, às 18h00)
Temporada: de 10 de julho a 15 de agosto (quintas, sextas e sábados, às 20h30)
Duração: 60 minutos Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos
Ingressos: R$ 25 (Inteira), R$ 12,50 (Meia: estudante, servidor de escola público, +60 anos, aposentados e pessoas com deficiência), R$ 7,50 (Credencial Plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Vendas a partir de 30/06 pelo portal www.sescsp.org.br e 01/07 nas bilheterias das unidades do Sesc São Paulo. Venda limitada a quatro ingressos por pessoa. Não é permitida a entrada após o início do espetáculo.
SESC PINHEIROS
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10h às 18h.
Tel.: 11 3095.9400.
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo, feriado, das 10h às 19h. Taxas / veículos e motos: Matriculados no Sesc: R$ 6,00 nas três primeiras horas e R$ 1,00 a cada hora adicional. Não matriculados no Sesc: R$ 8,00 nas três primeiras horas e R$2,00 a cada hora adicional.