Maurício Mellone, para o www.favodomellone.com.br – parceiro do Aplauso Brasil

SÃO PAULO – Num jogo cênico envolvente, os atores Tania Khalill e André Garolli dão vida a cinco personagens, cada um, de classes sociais, profissões, personalidades e estilos de vida completamente diferentes que se encontram e travam relações amorosas conflitantes. Na peça do dramaturgo inglês David Hare, Dez Encontros (The Blue Room), dirigida por Isser Korik e que está em cartaz no Teatro Folha, os sentimentos mais pungentes entre um homem e uma mulher — amor, paixão, sedução, ciúme, traição, repulsa e atração sexual — são postos à prova em dez esquetes, recheadas de humor.
O dramaturgo britânico criou a peça The Blue Room, baseada no texto Reigen, escrito em 1897 por Arthur Schnitzler, já pensando em ser encenada por dois atores. De acordo com o diretor (que também assina a tradução da peça), todos os personagens do texto original foram transpostos para o universo urbano contemporâneo, com os encontros e desencontros apresentados de forma sintética.
O que prende a atenção do espectador é exatamente esta troca de situações e personagens a cada esquete: do casal do primeiro encontro, um permanece em cena e o outro volta na pele de um novo personagem para a cena seguinte, assim sucessivamente nos dez encontros, formando uma interessante ciranda.

Os elementos que compõem os cenários, assinados por Gilberto Gawronski, são em número reduzido e trocados rapidamente entre uma cena e outra, graças ao trabalho afinado dos contrarregras, o que contribui para a agilidade narrativa.
No entanto, os conflitos e dilemas surgidos dos encontros e desencontros dos casais (traição, fidelidade, possessividade, posturas machistas e conservadoras na relação a dois) são muito pouco explorados no espetáculo.
Senti falta de uma discussão mais profunda e atual, em que o modelo do par romântico tradicional fosse questionado e posto em xeque.
A forma (o jogo cênico, a troca de personagens entre os dois atores) é enfatizada em detrimento do conteúdo (os reais conflitos da relação amorosa nos dias atuais).
Roteiro:
Dez Encontros. Texto: David Hare. Tradução e direção: Isser Korik. Elenco: Tania Khalill e André Garolli. Cenários e adereços: Gilberto Gawronski. Figurino: Fábio Namatame. Iluminação: Fran Barros, fotografia: Bob Souza.
Serviço: Teatro Folha, Shopping Pátio Higienópolis (305 lugares), Av. Higienópolis, 618, tel.: (11) 3823-2323. Horários: sexta às 21h30; sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos: R$ 30,00 (setor único) sextas-feiras e domingos; R$ 30,00 (setor 2) e R$ 40,00 (setor 1) aos sábados (meia entrada em todas as sessões). Bilheteria: de terça a quinta, das 15h às 21h; sexta, das 15h às 21h30; sábado, das 12h às 24h; e domingo, das 12h às 20h. Duração: 90 minutos. Classificação: 16 anos. Acesso para cadeirantes. Ar condicionado.
Temporada: até 26 de abril.