Guto Rocha/Assessoria de Imprensa FILO

Espetáculo argentino utiliza a luz e som com códigos do cinema para criar espaços e narrativas cênicos do teatro
Gestos e expressões iluminados por lanternas ganham força narrativa para falar sobre relações amorosas. Em Amar, o aclamado diretor argentino Alejandro Catalán lança um olhar teatral muito particular sobre casais, que em algum momento da vida em comum se perguntam sobre se devem ou não seguir juntos. O espetáculo será apresentado nesta terça (14) e quarta-feira (15), às 20 horas, na Funcart.
Na montagem, três casais saem para uma noitada regada a bebidas e música, e decidem ir até o litoral. Nesta aventura, seus vínculos começam a ser revelados.
“O espetáculo não é uma tese, nem um tratado sobre o amor. O queremos é que esses casais sejam representativos de uniões singulares e em situações também singulares, mas que tenham coisas comuns a qualquer outro casal”, comenta Alejandro Catalán.
Catalán afirma que o trabalho em conjunto com os seis atores que integram a montagem começou sem que eles tivessem qualquer ideia prévia sobre o material a ser produzido.

“Não partimos de um texto, de um tema e nem de um procedimento premeditado. A única coisa com que contava eram os atores”, explica. Os seis, três homens e três mulheres, também fizeram parte do espetáculo anterior de Catalán.
O diretor diz que, para criar o espetáculo, precisou que os atores lançassem mão de um imaginário próprio.
“Assim foi possível, juntos, inventarmos uma maneira de atuar que produzisse o material ficcional da obra que agora temos”, comenta. Este processo de criação levou dois anos.
Na montagem, a palavra e a voz se unem a outros elementos cênicos e visuais para que a narrativa aconteça.
“Na medida em que a atuação é assumida como fonte do acontecer teatral, todos os outros itens que compõem a cena, como luz e objetos, se reconfiguram para dar o sentido que buscamos”, afirma.
Em um palco despojado, os atores criam os ambientes que a história sugere no decorrer do espetáculo (como um bar ou uma praia). Isso acontece com a manipulação do espaço que criam com a iluminação feita por eles mesmos, com a utilização de lanternas.
“Percebemos que o uso das lanternas potencializava o trabalho gestual, acentuava a percepção do rosto, produzindo uma espécie de primeiro plano cinematográfico e concentrando a atenção do espectador em tudo o que os atores fazem em cena”, comenta.
Para ele, isso foi essencial por acreditar que no teatro o gesto é tão importante quanto a palavra.
“Um acontecimento gestual pode ser uma inflexão narrativa”, observa.
O diretor afirma que a forma como a iluminação do espetáculo foi concebida expõe o jogo teatral de maneira explícita, sem, no entanto, fazer com que fazer com se perca a magia.
“Mesmo o público podendo ver como os atores iluminam um ao outro, o que acontece dentro da luz ganha uma ficcionalidade que prende e conduz a percepção do espectador”, diz.
O som do espetáculo também foi trabalhado para conduzir a percepção do público para o espaço cênico que os personagens ocupam em cada momento da montagem.
“Modulamos a música para que ela funcione como um plano sonoro cinematográfico também. Em determinado momento, os casais estão dentro de um bar. Quando eles saem, o som é modulado para que se crie um outro ambiente”, explica.
Catalán diz que a ideia de trabalhar com elementos do cinema também surgiu durante o processo de criação. Entretanto, ele tomou cuidado para que os aspectos teatrais não se perdessem.
“Adotamos os recursos cinematográficos para dar maior poder e potência ao jogo de atuação, mas procuramos deixar bem claro os códigos teatrais”, afirma.
Data: 14 e 15 de junho
Horário: 20 horas
Local: Funcart (Rua Souza Naves, 2380)
Direção: Alejandro Catalán
Classificação: Teatro adulto
Faixa etária: 16 anos
Duração: 65 min
LEGENDADO
Web: www.alecatalan.blogspot.com