Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com.br)

CURITIBA – Um dos mais interessantes espetáculos que estrearam na 22ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, O Diário de Genet, texto e direção de Djalma Thürler, teve a marca latente da expressividade corporal para contar a vida do francês Jean Genet e evocar a diversidade clamando por sua liberdade, talvez a pedra fundamental de suas obras.
Duda Woyda e Rafael Medrado fizeram as vezes de autor-rapsodo, narrando fatos do processo de criação, entremeando vida e obras de Jean Genet – autor considerado marginal, que utilizou fatos reais como crimes e pederastia, retirados de sua própria vida ou de notícias de jornal, sob o manto da mais intrigante e criativa ficção -, verticalizando as temáticas básicas de Genet – risco, amor, morte, entrega, entre outros – por meio de partituras corporais, a resposta coreográfica, em que o contato-improvisação imperou, às sensações causadas pela leitura aprofundada do autor. Sem utilizar palavras, Woyda e Medrado fizeram transpirar sensações que temos ao ler Nossa Senhora das Flores, Querelle, As Criadas, só para citarmos algumas das obras que são representadas nessa rapsódia.
A direção de Djalma Thürler é cirúrgica, a ponto de não a percebermos, já que ele aposta no jogo cênico e na potência dos atores. O resultado é a concisão pungente de um espetáculo que propõe aos espectadores autorreflexões sobre a liberdade.
*Michel Fernandes viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba