Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com.br)

CURITIBA – O crítico de teatro Eric Bentley define a comedia em dois tipos distintos: aquela que faz rir e a ruim. Absurdo que os Atores de Laura apresentam até hoje no Teatro da Reitoria, satisfaz a definição. O publico ri com entusiasmo da verdade com que o elenco desenvolve as cenas plenas de situações absurdas.
O texto, fruto de criação coletiva, segue uma lógica improvável, talhada com a inocência de uma criança que responde a simples comandos de forma literal.Como os clowns que raciocinam de maneira bastante peculiar, o elenco imprime verdade e convicção as suas ações,por mais estapafúrdias que elas possam parecer. Fica a interrogação no ar: até que ponto também estamos submersos em uma realidade absurda?
O grande achado do espetáculo é o direcionamento dado por Daniel Herz: ao propor regras para que os atores-criadores nãojulguem as atitudes improváveis como absurdas, o espetáculo ganha o terreno da verossimilhança. Passamos à acreditar no que se passa em cena com certa naturalidade.
*Michel Fernandes viajou à convite do Festival de Teatro de Curitiba