Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (Michel@aplausobrasil.com.br)
CURITIBA – Começou – e muito bem! –, a Mostra Baiana de Teatro na 22ª edição do Festival de Teatro de Curitiba ontem com a primeira (hoje tem mais duas, às 18 e 21h) sessão de Pólvora e Poesia que, na concepção do diretor Fernando Guerreiro, ganhou contorno virulento de uma avassaladora paixão.
O clássico contemporâneo texto de Alcides Nogueira tem, nesta montagem baiana, os acordes dilacerados – reforçados pela trilha sonora executada ao vivo pelo diretor musical e guitar man Juracy do Amor- do encontro, paixão avassaladora e desintegração dos laços afetivos e criativos entre os poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine.
Pólvora e Poesia, embora retrate a relação homoafetiva entre Rimbaud e Verlaine e seus dissabores com o preconceito da sociedade parisiense do século 19, atinge o patamar de clássico contemporâneo pela gama de leituras cênicas que possibilita e pelo caráter híbrido da dramaturgia, a condensar gêneros dramático, épico e lírico.
O caminho escolhido por Fernando Guerreiro, sua ordenação das sequências das cenas, desembocam num quase-duelo em que a partitura corporal expressa de maneira admirável a tensão contida no íntimo de cada um desses personagens.

Talis Castro, Rimbaud, e Caio Rodrigo, Verlaine, dão interpretação visceral aos papeis de maneira justa e equalizada com essa memorável montagem de Pólvora e Poesia.
O cuidado a ser tomado pela produção do espetáculo,sobretudo por estar no Kit de Difusão e, consequentemente, necessitar estar apto às mudanças de espaço de apresentação, diz respeito a equalização sonora entre guitarra e voz, para que não se perca nem o intimismo da representação, nem as palavras ditas pelos atores.
CLIQUE AQUI para conferir a programação do Fringe
*Michel Fernandes viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba