Maurício Mellone, para o site Favo do Mellone, parceiro do Aplauso Brasil
O ator criou e atua nesse monólogo que conta o período em que o pintor Vincent Van Gogh viveu numa cidadezinha ao sul da França, onde criou A Casa Amarela, uma comunidade de criação artística

Pela mesma porta em que o público entra para o espetáculo, o ator Gero Camilo também chega para dar vida ao pintor Vincent Van Gogh, em A Casa Amarela, em cartaz no Teatro Eva Herz, com direção de Marcia Abujamra.
Com uma cadeira a tiracolo, uma caixa com a paleta de cores e pincéis e uma chave pendurada no peito, o ator anda pela platéia e inicia seu monólogo, em que conta o dia que Van Gogh chega à cidade de Arles, no sul da França, em 1888, e, com a chave na mão, abre aquela que seria a casa em que o pintor viveria o período de sua maior produção artística, ao mesmo tempo passaria por uma revolução íntima, com as mais variadas e tumultuadas emoções.
Na entrada, o público recebe não um programa da peça tradicional, mas uma carta selada (com a foto do ator como o personagem) que conta de forma linear a história vivida por Van Gogh. Depois de viver uma fase muito criativa em Paris, onde conheceu Emile Bernard,Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgar Degas, entre outros mestres do impressionismo, Vincent vai para Arles com o objetivo de criar uma comunidade de criação artística. A Casa Amarela na verdade só abrigou Paul Gauguin, além dele; mesmo com mútua admiração, eles não tiveram o que se poderia chamar de uma relação pacífica. De setembro a dezembro de 1888 os dois pintores produziram muito, além de discussões e embates filosóficos e existenciais. Num de seus desvarios, Vincent decepa parte de sua orelha. Gauguin avisa Theo, irmão de Vincent, e volta a Paris sem visitar o amigo.
No entanto essa história linear fica restrita à carta. No palco, a história é outra, ou é a história contada do ponto de vista de Van Gogh. Num texto poético, Gero nos mostra as contradições, as divagações existenciais e a relação visceral de Van Gogh com a estética e a arte. São idéias que flutuam, “cores que coram” como é dito pelo ator. A mente pulsante do artista, que caminha da lucidez à loucura fica evidenciada no palco. “Sou de um lugar pequeno, gosto de ser pequeno, mas penso grande!”
O cenário de Karina Ades, com molduras e elementos em que o ator vai utilizando no decorrer da trama, e a iluminação de Karine Spuri deixam o espetáculo ainda mais plástico e envolvente. E ao final, com a orelha decepada e os pés pintados de amarelo, o ator deixa a todos reflexivos quando faz perguntas desconcertantes, parafraseando Paul Gauguin: “De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”
Um espetáculo imperdível, com mais uma atuação sublime de Gero Camilo, um artista múltiplo e grandioso.
Roteiro:
A Casa Amarela
Texto e interpretação: Gero Camilo; direção: Marcia Abujamra; cenário: Karina Ades; figurinos: Paula Cohen; iluminação: Karine Spuri; preparação corporal: Cristiano Karnas; trilha sonora: Eugenio La Salvia e Rubi; fotos: Cisco Vasques; produção executiva: Diego Chilio
Serviço:
Teatro Eva Herz / Livraria Cultura Conjunto Nacional, Av. Paulista, 2073 – Bela Vista, tel.: (11) 3170-4079 . Sextas e sábados – 21h00 e domingos 19h00 até 08/05/2011; a partir do dia 18/05 até 23/06, às quartas e quintas – 21h00. Lotação: 166 lugares. Duração: 70 min. Censura: 12 anos. Ingressos: R$ 40,00 (sextas) e R$ 50,00 (sábados e domingos), meia-entrada para estudantes, idosos, professores da rede pública de ensino e portadores de necessidades especiais.Ingressos on line: www.teatroevaherz.com.br e www.ingresso.com
Acesso para deficientes/Banheiro para deficientes/Ar condicionado/Aceita todos os cartões/Não aceita pagamento em cheque.