Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)

Quem busca assistir a espetáculos com cenografia multifuncional, figurinos com propostas arrojadas, uma encenação marcada pela escritura cênica a espetacularizar a trama, deve estar a par que esta não se enquadra, sobremaneira, à experimentação cênica a que o TAPA se propõe ao longo desses anos. Sendo assim, Cloaca, da holandesa Maria Göss, apresenta um trabalho em que o diretor Eduardo Tolentino de Araújo dialoga com pilares da tradição teatral: a dramaturgia, o entendimento vertical do texto e sua essência comunicada ao público por meio do trabalho de interpretação dos atores.
No quesito atuação do elenco, a prioridade é uma interpretação com a naturalidade stanislavskiana, seguida de caracterizações sutis, como desejava o russo Stanlislavski ao propor seu “sistema” (não o “método”, conforme difundido pelo Actor’s Studio norte-americano) na concepção do papel, a auxiliar na demarcação dos personagens.
Os atores que alcançam empatia e comunicação imediata com o público são André Garolli e Dalton Vigh, em desempenho pleno de verdade. A Tony Giusti falta um pouco dessa naturalidade exigida em espetáculos com esse viés, sobretudo no momento de sua conversa ao telefone no começo da peça. Brian Penido Ross, quem diria!, nos afasta um pouco de seu personagem por uma concepção que não prioriza a dicção e nos faz perder o que diz, mas tem seu grande destaque na derradeira cena do espetáculo, em que prova que, a contenção e o controle conquistados por grandes artistas, alcançam reverberantes graus de emoção.
O loft cenográfico, os figurinos (Lola Tolentino) e a iluminação (André Canto) emolduram de elegância ao espetáculo.
Ficha Técnica:
Autora: Maria Goos
Tradução: Fernando Paz
Direção: Eduardo Tolentino de Araujo
Cenário e Figurino: Lola Tolentino
Iluminação: André Canto
Assistência de Iluminação: Conrrado Sardinha
Fotos: Paulo Emílio Lisboa
Programação Visual: Zehenrique de Paula.
Divulgação: André Canto
Produção: Grupo Tapa
Elenco:
André Garolli – Jan
Brian Penido Ross – Maarten
Dalton Vigh – Tom
Tony Giusti – Pieter
Apresentando:
Camila Czerkes ou Vanessa Dockk– Elena
Stand-in – Fernão Lacerda
Duração: 105 minutos
Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569 – 3° piso – Cerqueira César
quintas, 21h / sextas, 21h30 / sábados, 21h / domingos, 19h
Ingressos:R$ 30,00 (quintas e sextas), R$ 40,00 (sab. e dom.)
meia entrada para estudantes, idosos e classe artística
O espetáculo participa da CAMPANHA VÁ AO TEATRO
Recomendado para maiores de 14 anos
Capacidade: 200 lugares
informações: (11) 3472-2414
A bilheteria funcionará de 3ª feira a sábado das 15:00h às 21 e aos domingo das 14:30h às 19:00h