Michel Fernandes (michel@aplausobrasil.com)

Crítica publicada na edição impressa do jornal Diário de São Paulo do dia 17 e janeiro de 2011
Clássico do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, o filme “Os 39 Degraus” (1935) recebeu versão burlesca que arrebatou diversos prêmios em sua estreia londrina, do ator e autor inglês Patrick Barlow, logo chegando à Broadway (Nova Iorque). Em cartaz pela primeira vez no Brasil, a peça é um fenômeno de público.
A receita do sucesso é simples: um diretor que consegue extrair toda a teatralidade exigida pelo texto de Barlow – como o teatro de sombras, as gags que remontam ao singelo palhaço circense, entre outros recursos – e um elenco afiado que nem parece se cansar com as diversas trocas de personagens e com o ritmo frenético, condição imprescindível para que a engrenagem do espetáculo faça do público parte viva da representação.
Seguindo a mesma trama do filme de Hitchcok, “Os 39 Degraus” narra a saga de Richard Hannay (Dan Stulbach estreando na comédia com talento e inteligência que lhe são característicos), típico sedutor bon-vivant, que conhece Annabela Schmit (Fabiana Gugli, em deliciosa concepção), uma agente secreta que é assassinada durante a noite que passa no apartamento de Hannay. O crime é o estopim para que Richard seja indiciado pela morte de Annabela e fuja da polícia.
Seguindo pistas deixadas por Schmit, Richard Hannay toma o trem rumo à Escócia. Começa, então, a viver uma série de aventuras em que cruza as mais de 30 personagens, femininos e masculinos, vividos pelos atores Danton Mello e Henrique Stroeter, com fôlego e talento indiscutíveis, além de Pámela e Margaret, vividas por Fabiana Gugli. Já na cena introdutória do trem, quando uma miniatura de trem elétrico cruza a cena, o contrato com o público é estabelecido e a convenção torna-se aliada à verossimilhança.
No vai-e-vem de trocas de papeis, Reinecke conduziu toda a cena para evidenciar o jogo das convenções teatrais. Os truques e soluções para os diferentes ambientes e espaços em que se passa a peça estão à mostra do público, doravante peça-chave no tabuleiro lúdico que é “Os 39 Degraus”.
Para diferenciar os inúmeros personagens da peça, os atores contam com mudanças dos registros vocais, corporais, além de frenéticas mudanças de figurinos (do extremamente competente Cássio Brasil), ou de simples assessórios.
A cenografia (última criada por Cyro Del Nero) é de simplicidade e funcionalidade que torna a proposta ainda mais interessante e, aliada à luz de Paulo César Medeiros,

alcança efeitos surpreendentes.
A bailarina e coreógrafa Carol Mariottini, quem assina a direção coreográfica e a assistência de direção, é responsável pela limpeza gestual que lubrifica a engrenagem que faz com que “Os 39 Degraus” atinja a qualidade e a elegância dessa comédia burlesca.
Por fim, a trilha sonora, assinada por Daniel Maia, um compêndio de trilhas das películas do mestre do suspense, dão o clima de exagero do suspense que, inevitavelmente, causa riso.
OS 39 DEGRAUS
TEATRO SHOPPING FREI CANECA (600 lugares)
Rua Frei Caneca, 569 – 6º andar – Consolação
Informações: (11) 3472-2229/ 2230
Bilheteria: Terça a domingo, das 13h às 19h. Em dias de espetáculo, até o início da apresentação.
Aceita os cartões de crédito Visa, Mastercard, Dinners e Amex. Débito: Redeshop e Visa Electron
Vendas pela internet: www.ingressorapido.com.br
Vendas pelo telefone: 4003.1212
Sexta, às 21h30. Sábado às 21h. Domingo às 19h.
Ingressos: Sexta e Domingo – R$ 70 / Sábado – R$ 80
Duração: 100 minutos
Gênero: Comédia de Suspense
Classificação Etária: 12 anos
Temporada: até 13 de março de 2011.