Afonso Gentil, especial para o Aplauso Brasil (aplauso@gmail.com)

SÃO PAULO – O nonsense do russo Kharmas ganha perfeita sintonia com o surrealismo que tem sido, desde seu começo, marca maior do jogo circense do grupo Parlapatões . Uma sucessão hilária de esquetes com personagens em situações inusitadas, remete-nos ao mundo dúbio do confronto entre real e o onírico, como em nossas cotidianas vidas. Porque a vida é sonho, já assim disse mais de um autor, além de Calderón de La Barca.
No elenco, pequeno, porém de vigorosa múltipla participação temos um Hugo Possolo incorrigível – e corrigir o quê e por quê? –não dando margem para momentos mortos, improváveis de invadirem um palco onde esteja o excepcional comediante. Raul Barreto faz, de forma personalíssima, o gênero clown estóico, que fez a imortalidade do comediante do cinema mudo de Hollywood, Buster Keaton. A versátil Jacqueline Obrigon mostra-nos , sem desnecessários esforços, como se consegue ser versátil sem cair no estereótipo. A jovem atriz Abhiyana e Hélio Portes, figura costumeira nos momentos de anárquica sátira, completam o elenco.

Com visual eficiente e pesquisado nas teorias do surrealismo, além do que já dissemos, Ridículos Ainda e Sempre garante o bom humor da platéia com suas extravagâncias estéticas. Merece permanecer no repertório ilustre do Grupo.
Ridículos Ainda e Sempre. Espaço Parlapatões /Praça Roosevelt, 158 – telefone 3258-4449 / 96 lugares /. Sábados, 21h, e domingos, 20h / R$ 40 (inteira) / até 23/Outubro
E o Vento Não Levou. Espaço Parlapatões /Praça Roosevelt, 158 – telefone 3258-4449 / 96 lugares /. Terças e quartas. 21 horas / R$ 30,00 (inteira) / até 14-Dezembro