Nanda Rovere, do Aplauso Brasil (nanda@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Jesus Cristo Superstar foi criado nos anos 70 e tinha um caráter de contestação e luta pela liberdade num momento em que muitos países viviam sob ditaduras. O seu forte significado político foi reduzido, mas num mundo em que muitas injustiças ainda são cometidas em nome da religião, o musical não perdeu o seu sentido de quebrar tabus, visto que ainda há muitos preconceitos a serem combatidos.
Algumas manifestações contra a estreia de Jesus Cristo Superstar no Instituto Tomie Ohtake chamaram a atenção da mídia e mostram que a obra ainda causa polêmica. Não há desrespeito com relação à importância de Jesus e a sua trajetória. A obra traz sim reflexões sobre as suas ações e sentimentos, que são contraditórios apesar de suas pregações.
A ópera-rock Jesus Cristo Superstar mostra os últimos dias de Jesus, desde sua chegada em Jerusalém até o dia de sua morte, com destaque para o seu relacionamento com Maria Madalena.
Os profetas, além de Judas e Pilates ganham a atenção da trama, que não desrespeita dados históricos, mas humaniza Jesus, que chega a se revoltar e questionar o porquê do seu sofrimento, além de colocar os demais personagens como seres detentores de qualidades e defeitos.
Em cena, é mostrado o quanto ele era amado por muitos e odiado por outros, além de sua saga de condenado e a crucificação.
Apesar de sugerir um relacionamento amoroso entre Jesus e Madalena, o musical não tem apelo sexual e a sensualidade do protagonista serve para acentuar a figura de Jesus como um homem bonito e atraente, imagem que não foge muito aos seus retratos tradicionais.
Só que o Jesus do musical tem fraquezas e não aceita facilmente a morte.
Takla tirou a carga hippie de outras versões do musical e ressalta o rock e o seu poder de contestação.
Judas é roqueiro e as músicas trazem esse estilo musical com as letras traduzidas para o português.
O foco está na interpretação dos atores. Igor Rickli, Negra Li e Alirio Netto merecem aplausos, sem desmerecer o elenco todo. Graças ao elenco o musical não é cansativo.
Não há falas, os diálogos são cantados, o que exige mais preparo dos artistas em cena para interpretar, cantar sem desafinar e ainda cumprir as marcas de cenas.
O espetáculo tem dinamismo e algumas cenas coreografadas, mas sem dança, somente movimentações que contribuem para o desenrolar da história..
É uma superprodução, principalmente pelo número de profissionais envolvidos, com um cenário que contribui para que as cenas ganhem dinamismo e grandiosidade.
Só em alguns momentos há glamour, pois os figurinos são adequados e simples na maior parte do tempo. Jesus, assim usa roupas brancas e um manto. Os demais personagens estão de túnicas ou de jeans e camiseta..
Jesus Cristo Superstar é um espetáculo que merece ser visto sobretudo por sua importância histórica e pela competente equipe envolvida..
Equipe Técnica:
Direção – Jorge Takla
Coreografia – Anselmo Zolla
Direção Musical – Vânia Pajares
Designer de Luz – Ney Bonfante
Designer de Som – Fernando Fortes
Designer de Figurino – Mira Haar E Jorge Takla
Visagismo – Duda Molinos –
Cenografia – Jorge Takla e Paulo Correa
Versão Brasileira – Bianca Tadini e Luciano Andrey
ELENCO E PERSONAGENS
JESUS CRISTO – IGOR RICKLI
MARIA MADALENA – NEGRA LI
JUDAS ISCARIOTES – ALÍRIO NETTO
PÔNCIO PILATOS – FRED SIVEIRA
HERODES ANTIPAS – WELLINGTON NOGUEIRA
CAIFÁS – ROGERIO GUEDES
ANNÁS – JULIO MANCINI
SIMÃO, O ZELOTE – BETO SARGENTELLI
PEDRO – CADU BATANERO
SACERDOTE, GUARDA, DISCÍPULO – DANIEL CALDINI e MARCELO VASQUEZ
SACERDOTE, MATEUS – THIAGO LEMMOS
ANDRÉ – FELIPE GUADANUCCI
BARTOLOMEU – MURILO ARMACOLLO
FILIPE – GABRIEL CAMILO
JOÃO – SANDRO CONTE
TADEU – RENATO BELLINI
TIAGO MAIOR – BETO SOROLLI E FERNANDO LOURENÇÃO
TIAGO MENOR – TINNO ZANI
TOMÉ – PHILIPE AZEVEDO
ISABEL – JHAFINY LIMA
ESTER – ALESSANDRA DIMITRIOU
JOANA – OLIVIA BRANCO
MARIA SALOMÉ – THATI ABRA
MARTA – MARISOL MARCONDES
RUTH – NATHALIA MANCINELLI
SUSANNA – PAULA MIESSA
Serviço:
Jesus Cristo Superstar
Ministério da Cultura apresenta
Patrocínio: Smiles
Realização: TIME FOR FUN E Takla Produções
Temporada: de 14 de março a 08 de junho
Local: Teatro do Complexo Ohtake Cultural – (Rua dos Coropés, 88 – Pinheiros)
Horários: quintas e sextas, às 21h; sábados, às 17h e 21h; domingos, às 18h
Duração: 130 minutos em dois atos (com intervalo de 15min)
Ingressos: de R$ 25,00 (meia-entrada) a R$ 230,00
Classificação Etária: Classificação livre. Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
Capacidade: 627 lugares
Estacionamento com manobrista: R$25,00