Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Discípulo de Gabriel Villela, com quem trabalha há mais de 10 anos, Márcio Vinicius tem conquistado tanto o mundo artístico como o corporativo com sua recém-inaugurada Mais Cenografia. Em cenários para teatro (Hécuba, Crônica da Casa Assassinada, etc), empresas (Lojas Marisa e Riachuelo) e eventos (Colégio Vértice), Márcio Vinicius faz questão de trabalhar pela inclusão social. Um dos meninos de seu galpão é ex-presidiário. No passado, preso por tráfico de drogas, hoje é apresentado a uma profissão e aprende a trabalhar com motivação e pró-atividade. Marcio Vinicius também investe na carreira de novos profissionais, sempre contratando recém-formados para a equipe.
Em entrevista exclusiva ao Aplauso Brasil, Márcio Vinicius fala sobre seu trabalho com Gabriel Villela e a Mais Cenografia.
Aplauso Brasil – Como surgiu a parceria com Gabriel Villela?
Márcio Vinicius – No sentido poético nossa parceria surgiu em 2000 ao ver a Ópera do malandro no TBC, quando acabou o espetáculo eu pensei: “Se vim para São Paulo para continuar a fazer teatro, este é o teatro que quero”. No sentido concreto em 2003 quando Gabriel me convidou para fazer o Auto da Liberdade, em Mossoró. Foi uma das experiências mais fantásticas que tive, Gabriel confiou em mim e deu liberdade para trabalhar com os artesãos de Mossoró. Foi uma confiança mútua, e ele só me conhecia por ver meu trabalho no Espaço Cenográfico do Serroni.
AB – Gabriel é um diretor bastante autoral. Como você trabalha a criação da cenografia nos espetáculos dele?
Márcio Vinicius – Gabriel cria incessantemente, acho isso bom, sou assim também. Um cenógrafo para trabalhar com Gabriel deve saber traduzir e materializar suas necessidades cênicas. Conversamos muito, ele pede o que precisa, porque sabe o que vai fazer. Como isso vai ser, fica a meu cargo. Procuro observar as cores dos figurinos, ver ensaios, ouvir Gabriel falar com os atores, percebo a direção. Voltamos a conversar, levo propostas em 3D e maquete física quando necessário. Ofereço as propostas de construção, materiais, piso, maquinaria, logística de montagem e desmontagem, crio opções. Sinto-me a vontade com isso por que entendo a dinâmica do Gabriel.

AB – Fale um pouco sobre o trabalho social que você realiza com a Mais Cenografia.
Márcio Vinicius – Tento fazer da Mais um empresa sustentável no sentido mais amplo da palavra. Veja, sou artista e empresário. Quando ofereço emprego a um ex-presidiário, faço isso por entender que, como empresário, posso oferecer um retorno à sociedade e, como artista, sei como é difícil não ter oportunidade. Ofereço a possibilidade de capacitaçāo profissional, resgate da auto-estima com a limpeza do nome, abertura de conta para no futuro terem acesso a financiamentos. Neste mês entreguei ao pessoal dois espaços e lhes disse, façam uma cozinha e um dormitório do jeito que vocês gostarem e passem para produção o que tem de comprar. Eles decidiram tudo. Com isso todos trabalham mais felizes, as obrigações se tornam mais leves, por que estas atitudes geram bem estar, a produtividade aumenta. É bom para os dois lados. Acredito no talento, não tenho preguiça de ensinar, tenho contratadas duas assistentes recém formadas, Priscila e Júlia, dois talentos jovens. Adotamos a coleta seletiva, e estamos a procura de parceiros para retirar as sobras de madeira para trabalhos manuais, existe ali uma gama de possibilidades que vai para o lixo, e nós não damos conta de reaproveitar. Temos também dois trabalhos sociais ainda bem humildes, um com um abrigo para crianças, a Casa Acalanto, e outro com a Ong Cão sem dono. Confesso que estamos engatinhando ainda em todos estes quesitos, mas a empresa é jovem e os avanços são graduais.
Hécuba.Texto: Eurípedes. Tradução – Mário da Gama Kury. Direção, adaptação e figurinos: Gabriel Villela. Assistência de direção: César Augusto e Ivan Andrade. Elenco: Walderez de Barros, Flávio Tolezani, Fernando Neves, Luisa Renaux, Léo Diniz, Luiz Araújo, Rogério Romera, Nábia Vilela e Marcelo Boffat. Cenografia: Márcio Vinícius. Adereços: Shicó do Mamulengo. Desenho de luz: Miló Martins. Preparação vocal: Babaya.Consultoria cultura grega: Cristina Rodrigues Franciscato. Direção musical e arranjos vocais: Ernani Maletta. Preparação corporal: Ricardo Rizzo.
Serviço: Teatro VIVO (290 lugares), Av. Chucri Zaidan, 860, Morumbi. Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 20h. Ingressos: R$ 40,00 às sextas e domingos e R$ 60,00 aos sábados – http://ingressorapido.com.br . Fone- 4003-1212, ou diretamente na bilheteria do teatro. Duração: 60 min. Classificação etária 12 anos. Estacionamento com manobrista: R$15,00 (só dinheiro). Bilheteria: aberta de terça a quinta das 14h às 20h e de sexta a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Aceita todos os cartões.
Retorno: 13 de janeiro de 2012.