Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

Classificar o excelente solo de Lulu Pavarin, Como Ser Uma Pessoa Pior, de comédia que satiriza o universo da auto-ajuda é reduzir um trabalho que ultrapassa os limites singelos da generalização. O solo, primorosamente dirigido por Mário Bortolotto, ridiculariza e emociona ao escancarar a única verdade absoluta da humanidade: sim, nascemos e morremos sós.
Germano Melo, ótimo ator, e Michelle Ferreira revelam-se autores de grande competência e antenados aos modismos contemporâneos como a crença ingênua na dissolução de problemas de auto-estima, por exemplo, com a simples repetição de mantras-frases-de-efeito que só funcionam realmente se a fé cega nas palavras colocar a razão em segundo plano. E não é o que ocorre com Amabile, a personagem interpretada com esmero técnico e sensibilidade por Lulu Pavarin, que a permite passear tranquilamente entre as vias da comédia e do drama.
A forma com que se apresenta o texto tem o traço original do diálogo entre Amábile e seu duplo, espécie de desdobramento de sua personalidade, a questionar-se da eficácia dos inúmeros livros e cursos de auto-ajuda até seu “insight” de que só conseguirá ser feliz tornando-se uma pessoa pior, egoísta e anti-ética.
Mário Bortolotto armou um ambiente simples em que a luz e o expressivo e definido trabalho corporal de Lulu Pavarin são mais que eficazes.
Enfim, Como Ser Uma Pessoa Pior tem múltiplos motivos para levar o público à meia-noite ao Espaço dos Parlapatões.
Serviço:
Até 22 de outubro, Sextas – Meia-noite
Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158 Centro – SP
Informações: 3258-4449 Bilheteria: 30,00 inteira. 15,00 meia
De terça a domingo das 16h00 às 22h00
Pontos de venda e internet: ingressorapido.com.br