EM REDE – Muito antes do conceito Dança – Teatro ter aportado no Brasil a partir da obra de Pina Bausch, já tínhamos em nosso país o trabalho de Marilena Ansaldi, que faleceu nesta terça-feira, dia 9 de fevereiro.
Seu espetáculo Escuta, Zé!, onde calcou sua criação a partir da obra do psicanalista Wilhelm Reich, guru da revolução sexual nos anos 1970, marcou época. Coube a Celso Nunes a direção da montagem que, certamente, consta entre os grandes trabalhos cênicos brasileiros realizados naquela década.
Em seguida, Ansaldi partiu para sua primeira encenação com José Possi Neto. Faço menção a Sopro de Vida, em que os dois engendraram um espetáculo a partir da obra de Clarice Lispector. No ano seguinte foi a vez da dupla investigar o universo buarquiano com Geni.
Novas parcerias da atriz e bailarina com importantes encenadores ocorreram na década de 1980. Falo de Se, sob direção de Luiz Roberto Galizia, Hamletmachine, com Márcio Aurélio, a partir da obra de Heiner Müller e uma volta ao universo lispectoriano em A paixão segundo G.H., assinada por Cibele Forjaz.
Em 1994, Marilena assinou a preparação corporal de Eu sei que vou te amar, adaptação teatral da obra de Arnaldo Jabor, com direção de William Pereira, tendo Julia Lemmertz e Alexandre Borges como intérpretes. Em seguida, a atriz e bailarina foi obrigada a se afastar dos palcos por causa de uma depressão. Seu retorno aconteceu, em 2005, com Desassossego, no qual retomou a parceria com Márcio Aurélio e onde a partir da obra de Fernando Pessoa, expôs em cena o flagelo de sua doença. Volta aos palcos com Paixão e fúria – Callas, o mito, no qual tem um reencontro cênico com José Possi Neto.
E foi com a Companhia Studio 3 de dança, sob direção de William Pereira e coreografia assinada por Anselmo Zolla que realiza seu derradeiro a trabalho, a saber, Depois.
A morte de Marilena Ansaldi deixa uma lacuna no teatro e na dança do Brasil.