Nanda Rovere, do Aplauso Brasil (redacao@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – Nesta entrevista, o ator fala de como decidiu levar aos palcos o texto Batalha de Arroz Num Ringue Para Dois, que estreia em janeiro, no Teatro das Artes, em SP e do emocionante reencontro com a atriz Nívea Stelmann – que também estrela o espetáculo.
Aplauso Brasil – Como o texto Batalha de Arroz Num Ringue Para Dois chegou até você?
Maurício Machado – Já havia assistido à montagem com o Miguel Falabella e Cláudia Jimenez (aliás, a peça foi escrita para o Miguel fazer). Lendo e relendo textos diversos para dupla de atores, eu me lembrei do texto do Rasi, procurei-o e só encontrei disponível no Rio; depois, casualmente, em conversa com o pesquisador Luís Francisco Wasilewski, ele também me sugeriu o texto. Fui em busca do texto e imaginei que fosse praticamente impossível os direitos serem cedidos para mim. Posso garantir que não foi fácil.
AB – Como convenceu a família a ceder os direitos, uma vez que você já tinha comentado que desde a sua morte nenhum artista tinha conseguido montar textos do dramaturgo?
MM – Acredito que o fato de ter acabado de fazer, com tanto sucesso e repercussão, o espetáculo Solidão, a Comédia ajudou. A peça é um clássico do besteirol do Vicente Pereira, que foi parceiro do Rasi em outros trabalhos. O histórico sério e eclético da Manhas & Manias de Eventos (a produtora do espetáculo), somado à escolha dos profissionais (sobretudo a Jacqueline Laurence, tão amiga e parceira do Rasi em tantos trabalhos), creio que tudo isso pesou para que eu conseguisse os direitos. Temos agora a primeira montagem de um texto do Rasi, depois dele ter nos deixado tão precocemente. Acabou sendo, sem que planejássemos, uma oportuna homenagem aos 10 anos do falecimento dele.
AB – Qual a importância do Rasi para a história do nosso teatro?
MM – Poxa, é enorme! A qualidade dramatúrgica dele é incrível. Não é à toa que ele teve tantos sucessos no teatro. Além de Batalha, podemos destacar Pérola e A Estrela do Lar. Ele conseguia ser popular e, ao mesmo tempo, ter uma sutileza e refinamento na sua obra. Tinha um senso crítico do humano fora do comum, uma lente de aumento nas idiossincrasias humanas. Você podia assistir a um espetáculo dele e encará-lo só e simplesmente como entretenimento, mas ali havia a possibilidade aberta para reflexões sobre o humano. E, para isso, a sua família e as mulheres ao seu redor foram grande estímulo para a sua obra.
AB – O que você pode falar sobre a experiência de atuar nessa peça ao lado da Nívea Stelmann?
MM – É um reencontro meu e da Nívea, depois de nossa experiência juntos no espetáculo Cyrano (2008), onde protagonizamos (eu, o Cyrano de Bergerac e a Nívea, Roxane). Além de ótima atriz, Nívea tem uma qualidade fundamental para mim, que todos os atores deveriam ter: ela é humilde, tranquila, profissionalíssima (sempre pontual, com o texto decoradíssimo), tem ética e caráter. São os pontos mais importantes hoje para eu me envolver numa relação teatral. Não tenho mais saco, nem tempo, para afetação e estrelismos de ninguém.
AB – E como foi a experiência de ser dirigido pela Jacqueline Laurence?
MM – Jacqueline é tudo que eu poderia querer neste momento. Ela é uma enciclopédia teatral, por seu talento, vocação e experiência de vida e profissional. Além disso, traz uma grande qualidade que observei em dois únicos diretores que tive: ela é das melhores diretoras de ator! Uma profissional que está na ‘batalha’ até hoje com garra e que sabe tudo de teatro. É um presente celebrar os meus 25 anos de carreira ao lado dela, que sempre paquerei… Uma honra!
AB – Quais as suas expectativas para 2013 no teatro?
MM – Fazer, fazer, ver, fazer, e ver, sempre que possível. Não sei se poderei fazer todas as peças que gostaria… Por mim, faria teatro de segunda a segunda… (aceito convites, tá??), mas tenho interesse em fazer também cinema e TV.
Ficha técnica:
Texto: Mauro Rasi
Direção: Jacqueline Laurence
Elenco: Nívea Stelmann & Maurício Machado
Participação especial em Off: Miguel Falabella e Jacqueline Laurence
Assistente de Direção: Ana Jansen
Direção de Movimento: Sueli Guerra
Direção Musical e Trilha: Alexandre Elias
Cenário, Adereços e Figurinos: Espetacular – Ney Madeira, Dani Vidal e Pati Faedo
Iluminação: Aurélio de Simoni
Direção de produção: Eduardo Figueiredo
Realização & Produção: manhas & manias de eventos (www.manhasemanias.com.br)
Serviço:
BATALHA DE ARROZ NUM RINGUE PARA DOIS
Teatro das Artes (742 lugares). Avenida Rebouças, 3970 – Shopping Eldorado, 3º piso. Informações: (11) 3034-0075. Sexta e Sábado às 21h30 | Domingo às 19h. Ingressos: Sexta e Domingo R$ 60 | Sábado R$ 70. Duração: 70 minutos. Recomendação: 12 anos