“Um teatro não pode jamais fechar suas portas”
Jorge da Cunha Lima, presidente da Aliança Francesa.
Kyra Piscitelli, do Aplauso Brasil (kyra@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – Na noite de quarta-feira (27), o Teatro Aliança Francesa abriu as portas para comemorar seus 50 anos de história. As lembranças e a alegria em se alcançar o marco deste aniversário contagiou a fala dos que subiram no palco antes da apresentação do espetáculo Não se brinca com o amor, que faz parte da série de programação em homenagem ao espaço. As peças que serão apresentadas são todas produções franco-brasileiras. Não se brinca com o amor, por exemplo, traz Anne Kessler, sociétaire da tradicional companhia Comédie-Française, para dirigir atores brasileiros na adaptação do texto do dramaturgo parisiense Alfred de Musset (1810-1857). Os eventos de aniversário acontecem até outubro.
O Teatro Aliança Francesa ocupa um grande espaço dentro da tradicional escola de Francês da Rua General Jardim, no centro de São Paulo. Abrigando essa parte da cidade, o teatro coleciona histórias: da opressão da Ditadura Militar a decadência da qual a região central busca se reerguer.
Esses momentos que marcam ora a história de São Paulo ora a do Brasil apareceram no discurso do presidente da Aliança Francesa Jorge da Cunha Lima, no evento comemorativo. Ele falou de resistência e ressuscitou os Teatros TBC e Arena, além de evocar o Oficina para arrematar que “um teatro não pode jamais fechar suas portas esteja onde estiver”.
Lima, ainda, agradeceu a todos que um dia se sentaram naquela plateia ou apresentaram-se naquele palco e decretou: “a Aliança Francesa jamais fechará as portas deste teatro. Nós enfrentamos a crise da decadência do centro, as crises econômicas, as crises políticas do Brasil e a Aliança Fancesa está com essa sala cheia para comemorar seus 50 anos. Ultrapassando minha própria possibilidade, mais 50 anos e tudo que venha”
Jean-Paul Rebaud, conselheiro de cooperação e ação cultural da embaixada da França, seguiu a mesma toada e falou de memória e, claro, resistência. Entre as lembranças, o período em que o teatro ficou fechado (de 2001 a 2003) para uma reforma. “Eu participei da reabertura ( do teatro) depois de obras necessárias para restaurar e modernizar o espaço. Sem deixar de mencionar do espetáculo Quadrante, estrelado pelo ator Paulo Autran e que reinaugurou o teatro.
O projeto de reforma do Aliança Francesa era parte da revitalização do centro de São Paulo. No entanto, só a partir de 2011, quando assumiu o diretor Marc Boisson, iniciou-se uma busca ao antigo glamour do teatro. Até então, o espaço servia mais eventos do que espetáculos.
Entre as lembranças de Rebaud, está um dia em 1968, época do sombrio regime da Ditadura Militar: “A Universidade de São Paulo, aqui pertinho na Maria Antônia, (antiga sede) iria realizar uma conferência com um grande linguista americano de origem europeia, e no ultimo momento a palestra foi interditada. Os professores desceram até a General Jardim e a palestra foi feita aqui. É a história do teatro, da liberdade e da cultura”.
“Um bastião da resistência”. Assim falou o Secretário de Cultura do estado de São Paulo, Marcelo Mattos sobre o Teatro Aliança Francesa em seu discurso. Com tanta história, o teatro é um símbolo de“batalha para que o centro da cidade seja de apropriação e de construção de uma cidadania”.
Programação dos 50 anos do Teatro Aliança Francesa
Para conhecer a programação completa do teatro, basta entra no site http://www.aliancafrancesa.com.br/hotsite.aspx?tipo=1&cat=13&n=Teatro.
O espetáculo Não se brinca com o amor, apresentado na abertura do evento comemorativo, só terá estreia para o público no dia5 de setembro, às 20h30. A temporada vai até 26 de setembro.
SERVIÇO DE NÃO SE BRINCA COM O AMOR –
Temporada de 5 de setembro a 26 de outubro. Sextas e Sábados às 20h30 e domingos às 18h. Duração: 90 minutos. Classificação Indicativa: 12 anos. Local: Teatro da Aliança Francesa (Rua General Jardim, 182). Ingressos: R$ 40.
FICHA TÉCNICA:
Idealização do projeto: Janaína Suaudeau. Texto: Alfred de Musset. Tradução: Janaína Suaudeau. Colaboração: Clara Carvalho. Direção: Anne Kessler (da Comédie-Française).Assistente de direção e tradutora simultânea: Rita Grillo. Elenco: Adilson Azevedo, Bruno Stierli, Fábio Espósito, Gabriel Miziara, Janaína Suaudeau, Lilian Blanc, Natalia Gonsales e William Amaral. Cenografia: Ulisses Cohn. Assistente de cenografia: Flávio Tolezani. Iluminação: Aline Santini. Trilha sonora original: Gabriel Machado e Valmyr de Oliveira. Fotografias: Carla Trevizani e Michelle Tomaz. Cartaz: Anne Kessler. Design gráfico: Leonardo Miranda. Assessoria de Imprensa: Pombo Correio. Direção de produção: Canto Produções. Produção executiva:Ana Zêpa.
TEATRO DA ALIANÇA FRANCESA:
Endereço: Rua General Jardim, 182 – Consolação – São Paulo – SP (próximo à estação República do Metrô). Estacionamento em frente. Lotação: 230 lugares. Bilheteria: aberta com 2h de antecedência dos espetáculos. Telefone: (11) 3017-5699 ramal 5602. Ingressos online: www.ingressorapido.com.br