Michel Fernandes para o jornal O Diário de São Paulo
matéria publicada dia 21 de outubro na edição impressa do jornal

A superprodução musical “A Gaiola das Loucas” chega a São Paulo (Teatro Bradesco) espalhando no ar o doce perfume de uma bem-sucedida temporada carioca (concorre ao Prêmio Shell de Teatro com os figurinos de Cláudio Tovar). E um sorridente Miguel Falabella (quem assina direção, adaptação e, também, protagoniza a peça, ao lado de Diogo Vilela) já planeja com entusiasmo sua próxima empreitada: a adaptação do romance “Memórias de um Gigolô”, de Marcus Rey. “Tenho certeza que será um musical excelente e precisa estrear em São Paulo, porque tem tudo a ver com a história da cidade”, (a obra de Rey é ambientada no fim dos anos 1920 em São Paulo) disse um empolgado Falabella.
Mesmo sem data certa para sua estreia – “ainda não fechamos patrocínio” –, Falabella se diz mais preparado para realizar musicais – “traduzir, dirigir e atuar nesses clássicos dos musicais me tornam mais ciente de sua estrutura, dramaturgia etc.” – e acha que os “detratores” do gênero não enxergam o desejo do público diante desses espetáculos. “É preciso pensar por que o teatro é tão maltratado nesse país, sobretudo o teatro musical. Não quero papo, amizade, nem sentar pra dar uma simples gargalhada com pessoas que julgam que o musical seja um gênero menor, porque são pessoas sem senso de humor. O musical é uma noite feliz no teatro”, desabafa. Quando gestor dos teatros municipais do Rio de Janeiro, Falabella recebeu acusações de estar encaminhando o teatro público para o tipo de espetáculos sem valores de discussão estética, mas Miguel acredita que buscou dar à população, que não tinha acesso a esse tipo de espetáculo, superproduções musicais como “Império” e “Ópera do Malandro”. “O povo gosta de brilho, até a favela da Rocinha, à noite, fica linda com aquelas luzes piscando. A vida é muito difícil e esse tipo de teatro proporciona um respiro diante dessa realidade”, conclui.
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