Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Mais do que um espetáculo, Hair se tornou um mito. Assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, a nova montagem brasileira do musical aporta em São Paulo nesta sexta-feira (13), no Teatro Frei Caneca, após ser vista por mais de cem mil pessoas no Rio de Janeiro e ter conquistado rasgados elogios da crítica teatral carioca.
“Ainda vivemos em guerra e os conflitos são muito parecidos e tão assustadores e sem sentido como o do Vietnã. Da mesma forma que ainda somos cheios de tabus e vivemos na intolerância. O grito de ‘Hair’ continua ecoando”, justifica.
Charles Möeller, que ressalta ainda todas as rupturas promovidas pelo espetáculo original, com texto de Gerome Ragni e James Rado e música de Galt MacDermot. Entre as novidades que a encenação trouxe ao palco, estavam a relação direta com a plateia e uma emblemática cena de nudez frontal.
“Os autores estavam no lugar certo e na hora certa. Eles encenaram exatamente o que estavam vivendo, colocaram em letra e música aquilo que todos queriam falar. Não fizeram um musical, mas o manifesto de toda uma geração. Canções como Aquarius viraram hinos até hoje”, explica Claudio Botelho.
Para ele, a música é um dos fatores determinantes para a empatia do espetáculo com a plateia. A comunicação imediata é garantida pela mistura do rock – a principal voz dos jovens na época – com diversas sonoridades, como a música negra, que ainda não era divulgada para as massas, mantras orientais, letras psicodélicas e influências de música tribal.
No palco, os atores são os instrumentos responsáveis por esta comunhão com o público. Através de cenas curtas, os personagens – integrantes de uma ‘tribo’ de hippies de Nova York – apresentam suas personalidades distintas, seus dilemas e seu peculiar estilo de vida.
O coletivo é sempre destacado em cena, ainda que a trama principal gire em torno de Claude (Hugo Bonemer), jovem convocado para a Guerra do Vietnã, seu amigo Berger (Fernando Rocha), uma espécie de líder da tribo, a grávida Jeanie (Kiara Sasso) e a idealista Sheila (Carol Puntel).
“O personagem principal da peça é a tribo”, analisa Charles.
Nos bastidores, Charles e Claudio contam com a premiada equipe que os acompanhou nos últimos espetáculos. Vencedor dos prêmios Shell e APTR pela iluminação de O Despertar da Primavera, Paulo César Medeiros assina a luz da montagem. Marcelo Pies, vencedor do Prêmio Shell pelo trabalho no espetáculo, trabalha com uma infinidade de peças originais e acessórios de época na composição de um legítimo figurino hippie para a tribo. Rogério Falcão, por sua vez, é responsável por toda a cenografia do espetáculo, cujo visual tem inspiração direta no psicodelismo.
Se no espetáculo original o palco vazio e sem elementos era uma novidade, a montagem atual preferiu criar uma ambientação especial para a tribo. “Tudo se passa em um local abandonado, que poderia ser uma igreja, um hospital, um casarão” explica Charles, que optou por suavizar as referências americanas do texto.
Assim como em todos os outros espetáculos de Möeller & Botelho, os direitos de Hair foram comprados com total liberdade na adaptação.
Esta versão autoral da dupla se completa com a colaboração do coreógrafo Alonso Barros, brasileiro radicado em Viena, que assinou as coreografias de Sweet Charity e O Despertar da Primavera, ambas criações da dupla Claudio/Charles.
HAIR
LIBRETO E LETRAS
Gerome Ragni
James Rado
MÚSICA
Galt MacDermot
VERSÃO BRASILEIRA
Claudio Botelho
DIREÇÃO
Charles Möeller
DIREÇÃO MUSICAL
Marcelo Castro
COREOGRAFIA
Alonso Barros
CENÁRIO
Rogério Falcão
FIGURINOS
Marcelo Pies
ILUMINAÇÃO
Paulo Cesar Medeiros
DESIGN DE SOM
Marcelo Claret
VISAGISMO
Dudu Meckelburg
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA
Tina Salles
CASTING
Marcela Altberg
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Aniela Jordan e Luiz Calainho
ELENCO
Hugo Bonemer (Claude)
Fernando Rocha (Berger)
Carol Puntel (Sheila)
Kiara Sasso (Jeanie)
Marcel Octavio (Woof)
Reynaldo Machado (Hud)
Estrela Branco (Crissy)
Juliana Peppi (Dionne)
Davi Guilherme (Margaret Mead / Tribo)
Conrado Helt (Pai de Claude / Tribo)
Bruna Guerin (Mãe de Claude / Tribo)
Tribo:
Bruno Kimura
Carlos Martin
Cássia Rachel
Daniel Nunes
Emerson Spíndola
Esdras de Lucia
Giselle Lima
Jennifer do Nascimento
Juliana Lago
Janaína Zuba
Kassius Trindade
Kotoe Karasawa
Mariana Gallindo
Renan Mattos
Ricardo Nunes
Rooney Tuareg
Sergio Dalcin
Stephanie Serrat Emery
Vanessa Costa
UM ESPETÁCULO DE
Charles Möeller e Claudio Botelho
SERVIÇO:
Estreia dia 13 de janeiro
Temporada de 13 de janeiro a 29 de abril
Teatro Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569 – Shopping Frei Caneca, 6º andar
Tel: (11) 3472-2226 / 2229-2230
Quintas, às 21h. Sextas, às 21h30. Sábados, às 18h e 21h30. Domingos, às 18h.
Ingressos: R$130 (qui / sex) e R$ 160 (sáb / dom).
Vendas pela internet: www.ingressorapido.com.br
Duração do espetáculo: 130 minutos (com intervalo de 15 minutos)
Classificação etária: 14 anos