Michel Fernandes é colaborador especial do Projeto Ademar Guerra (michel@aplausobrasil.com)
GARÇA (SP) – Essa ideia de caos a que Sérgio Ferrara, curador do Projeto Ademar Guerra, se referiu de um dos ensinamentos que captou quando era assistente de direção de Antunes Filho, é evocação que merece ser refletida por todas as companhias que se apresentaram ou participaram dos cinco dias de intensa reflexão empreendida pela Mostra de Teatro do Projeto Ademar Guerra. Citou Ferrara que o caos é importante à medida em que nos obriga a responder criativamente aos conflitos que se nos apresentam, mas que devemos cuidar para não confundi-lo com confusão, como apontou em O Apocalipse ou Capeta de Caruaru.
O ponto de partida da encenação do texto do recifense Aldomar Conrado pelo grupo Os Marias, de Pirassununga, está no caos da feira de variedades, mas ao colocar os atores sobre o palco e de frente ao público, a proposta, interessante até, em que cada personagem se dirige a um determinado nicho da plateia, configura-se como imensa confusão por conta da configuração do espaço. Talvez se cada um dos personagens estivesse de frente apenas à determinada parcela da plateia a que se dirige as mensagens ficariam mais claras para os pequenos grupos que assiste a cada um dos fragmentos e deixaria os demais espectadores curiosos em voltar para ver os outros.
A encenação bem cuidada de Marco Pavani reserva ótimos e divertidos momentos sendo necessário ater-se a detalhes que, no período posterior ao recorte do processo apresentado, terá outro grau de exigência. As palavras-chave que devem o trabalho são seleção e organização.