Michel Fernandes é colaborador especial do Projeto Ademar Guerra (michel@aplausobrasil.com)

GARÇA (SP) – Dentre os espetáculos e processos apresentados, a Mostra de Teatro do Projeto Ademar Guerra o horário das 18h marcou as apresentações de uma nova modalidade de projetos com o foco nas pesquisas de linguagens. O curador artístico do Ademar Guerra, Sérgio Ferrara ressaltou a importância em se debruçar em novas formas de se abordar velhos temas. Trabalhos de São José do Rio Preto, Lençóis Paulistas e Presidente Prudente foram os escolhidos a se apresentar.
Quadrado, de São José do Rio Preto
Na pele de um cão farejar, o excelente ator Cássio Henrique adentra o teatro e sobe ao palco. Lá é deixado em frente a uma tela em que começam a ser projetadas imagens diversas que passam a dialogar com o perfomer.
Interessante empreendimento de pesquisa, Quadrado parece aproximar-se das inquietações que pairam sobre o teatro contemporâneo: a fusão entre linguagens, priorizando o efeito hibrido que derruba barreiras do que vem a ser teatro, vídeo, instalação.
Pele de Anjo e Corpos de Fogo, Lençóis Paulistas
A experimentação aqui tem menos da interferência midiática e mais nos suportes das diferentes matrizes literárias utilizadas como fragmentos de notícias, poemas, contos etc., todos com estatuto épico na enunciação do texto.
A colagem de textos acerca do universo feminino é tratado de maneira sensível e com belas imagens. Entretanto, cabe à direção explorar novas dinâmicas espaciais que tornarão a representação mais criativa e sem o perigo da repetição tornar o espetáculo cansativo.
Casa de Bonecas, de Presidente Prudente
Os Bárbaros Cia de Teatro apresentou uma proposta bastante ousada e controversa: utilizar as rubricas de Casa de Bonecas, de Ibsen, para narrar a história de Nora e sua vida reprimida por Helmer, seu esposo, que a manipula feito ela fosse sua boneca. Como é uma subversão de um clássico pode desagradar aos mais puristas
Com dramaturgia e direção de Cássio Pires, as descrições referentes às rubricas tem um efeito brilhante de servir como a voz do autor que manipula, a seu bel prazer, à tomada de decisões, às quais ela nem sempre acata, sendo o ápice disso sua saída de cas, conforme se dá com Nora, em que ela vai até a cabine de som e toma as rédeas do espetáculo, dando blackout. O que acontece depois são arestas que devem ser retiradas.